Oposição no Congresso impede votação de autoridades após prisão de Bolsonaro

Deputados e senadores da oposição disseram que vão tentar parar o trabalho do Congresso Nacional - Foto: Wilton Junior/Estadão

A obstrução promovida pela oposição no Congresso Nacional, em resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tem levado à suspensão de nomeações de pelo menos 11 autoridades de cinco importantes agências do governo. A Comissão de Infraestrutura do Senado, presidida por Marcos Rogério (PL-RO), anunciou que não realizará as sabatinas dos indicados enquanto não houver avanço nas propostas que favoreçam Bolsonaro.

O impacto da medida atinge diretamente as indicações para cargos de diretoria na Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), na Agência Nacional de Petróleo (ANP) e na Agência Nacional de Mineração (ANM). A obstrução busca pressionar o governo para que avance em medidas que atendam às demandas da oposição, principalmente em relação ao ex-presidente e seus aliados.

A disputa nas comissões e as ameaças de paralisação

No Senado, além da Comissão de Infraestrutura, a Comissão de Segurança Pública, presidida por Flávio Bolsonaro (RJ), filho do ex-presidente, também deve ser impactada pela obstrução. Já na Câmara, o PL mantém o controle sobre comissões estratégicas, como as de Relações Exteriores, Segurança Pública, Turismo e Agricultura.

Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, afirmou que a expectativa é que nada seja votado nesta semana, deixando nas mãos dos presidentes das comissões a decisão de continuar ou paralisar os trabalhos. A pressão continua em alta, com a oposição buscando forçar o governo a dialogar sobre temas sensíveis, como a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e a proposta de impeachment do ministro Alexandre de Moraes.

“Pacote da paz” e as exigências da oposição

O tom da oposição é claro: ou suas propostas avançam, ou as votações no Congresso serão bloqueadas. O que está sendo chamado de “pacote da paz” inclui uma anistia ampla e irrestrita aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, o impeachment de Moraes e a PEC do fim do foro privilegiado. A oposição busca forçar a aprovação dessas pautas como condição para retomar a normalidade das votações nas duas Casas.

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