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OITO DE JANEIRO

STF realiza interrogatórios de réus de núcleos 2 e 4 da tentativa de golpe de 2022

Oitiva dos acusados por envolvimento em ações golpistas e disseminação de desinformação no pós-eleição de 2022 segue no Supremo.

25 julho 2025 - 09h42Juliano Galisi
Interrogatórios dos réus da Ação Penal (AP) no Supremo Tribunal Federal (STF)
Interrogatórios dos réus da Ação Penal (AP) no Supremo Tribunal Federal (STF) - (Foto: Ton Molina/STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou, nesta quinta-feira, 24, os interrogatórios dos réus dos núcleos 2 e 4 da trama golpista relacionada à tentativa de golpe após as eleições de 2022. Ao todo, 13 réus foram ouvidos em sessões conduzidas de forma virtual, permitindo questionamentos do juiz, da acusação e das defesas. Esses núcleos fazem parte de um processo que envolve a tentativa de desestabilizar os resultados eleitorais e garantir a permanência no poder do então presidente Jair Bolsonaro.

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O núcleo 2 é composto por acusados de operacionalizar a tentativa de golpe. Entre os depoimentos mais destacados, o delegado da Polícia Federal, Fernando de Sousa Oliveira, negou omissão durante os atos de 8 de janeiro de 2023, e revelou uma discussão com Anderson Torres, então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Segundo Oliveira, ele pediu que Torres reconsiderasse sua viagem aos Estados Unidos, alertando sobre os atos golpistas programados, mas a viagem foi mantida.

Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro para Assuntos Internacionais, negou ter elaborado a "minuta do golpe" e se defendeu ao afirmar que não deixou o país ao fim de 2022, apesar da prisão preventiva relacionada à sua saída para os EUA. Durante o depoimento, Martins se envolveu em um bate-boca com o juiz e as partes envolvidas. Já o ex-ajudante de ordens Marcelo Câmara se declarou "usado" por Mauro Cid em relação ao monitoramento de Alexandre de Moraes e afirmou que as informações coletadas não tinham "profundidade".

Mário Fernandes, general e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, admitiu ter criado um plano de assassinato de autoridades como Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes, mas qualificou o plano como um "pensamento digitalizado" que não foi compartilhado com ninguém. Ele alegou arrependimento e disse ter rasgado o esboço do plano logo após imprimi-lo.

Em relação à ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Alencar, ela negou a acusação de que tenha criado um relatório com objetivo eleitoral para monitorar votos em favor de Lula. Alencar explicou que o projeto de Business Intelligence (BI) foi solicitado para analisar dados sobre todos os candidatos e não com a intenção de prejudicar o adversário de Bolsonaro.

O núcleo 4 é composto por réus acusados de disseminar desinformação. Reginaldo Vieira de Abreu, coronel da reserva, confirmou ter sugerido uma reunião com "a rataria", um termo utilizado para se referir a opositores, mas alegou que se tratava apenas de um desabafo. Giancarlo Gomes, subtenente do Exército, admitiu ter investigado laços entre um parente de Luís Roberto Barroso e a empresa Positivo, fabricante das urnas eletrônicas, o que seria parte de uma estratégia de desinformação.

Marcelo Bormevet, policial federal acusado de integrar o "núcleo de contrainteligência", negou envolvimento com Bolsonaro e alegou nunca ter tido acesso ao programa First Mile. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, defendeu o relatório do instituto sobre urnas eletrônicas como uma "auditoria técnica" e negou qualquer intenção de divulgar "fraudes".

Em um depoimento que chamou atenção, Ailton Barros, ex-major do Exército, negou ter pressionado comandantes a aderirem ao plano de golpe e se referiu aos pedidos de Braga Netto para atacar o general Baptista Júnior, comandante da Aeronáutica, como uma "choradeira de perdedor de campanha". Barros alegou que as mensagens interceptadas pela Polícia Federal eram apenas um desabafo e não uma orientação para ação política.

Os interrogatórios dos réus dos núcleos 2 e 4 são uma parte fundamental da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. As sessões continuam a fornecer detalhes sobre os envolvidos na tentativa de desestabilizar a democracia brasileira e fortalecer a transparência do processo judicial. O STF e a Procuradoria-Geral da República aguardam os desdobramentos das investigações e provas para os próximos passos das ações penais.

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