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POLÍTICA

Nikolas Ferreira reage a falas de Lula e acusa esquerda de difamação após operação da PF

Deputado nega associação com crime organizado e promete acionar a Justiça contra acusações públicas

31 agosto 2025 - 15h45Redação, O Estado de S. Paulo
Nikolas Ferreira promete ir à Justiça contra acusações feitas após megaoperação da Polícia Federal.
Nikolas Ferreira promete ir à Justiça contra acusações feitas após megaoperação da Polícia Federal. - (Foto: Reprodução/YouTube)
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O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) entrou em rota de colisão com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parlamentares da base governista após ser acusado, ainda que indiretamente, de favorecer o crime organizado ao criticar medidas de fiscalização do sistema financeiro. O embate ganhou força após declarações de Lula sobre a megaoperação da Polícia Federal contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), que revelou um esquema de lavagem de dinheiro com movimentações superiores a R$ 50 bilhões.

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Durante entrevista na sexta-feira (29), o presidente não citou Nikolas nominalmente, mas fez referência ao conteúdo de um vídeo divulgado pelo parlamentar mineiro em janeiro deste ano. Na gravação, o deputado criticava uma norma da Receita Federal que ampliava a fiscalização sobre transações financeiras, incluindo fintechs. “Tem um deputado que fez campanha contra as mudanças que a Receita Federal propôs, e agora está provado que o que ele estava fazendo era defender o crime organizado”, disse Lula.

Vídeo com informações enganosas teve 300 milhões de visualizações

O vídeo citado pelo presidente foi publicado por Nikolas nas redes sociais e afirmava que a nova norma da Receita representava uma “quebra de sigilo mascarada de transparência”. A checagem feita pelo Estadão Verifica classificou o conteúdo como enganoso e distorcido. A repercussão negativa foi tão ampla que o governo federal recuou e revogou a norma.

O episódio voltou ao centro do debate após a deflagração da Operação Carbono Oculto, maior ação já realizada contra o PCC, que revelou o uso de fintechs para movimentar dinheiro ilícito. O envolvimento dessas instituições financeiras com o crime organizado reacendeu a polêmica em torno da crítica feita por Nikolas meses antes.

Parlamentares pressionam por investigação

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) foi uma das primeiras a associar o conteúdo do vídeo à atual investigação. “Nikolas dizia estar defendendo você, a sua liberdade, o seu negócio. Mas eu te pergunto: quem é que está lucrando com tudo isso?”, disse em vídeo publicado em suas redes. A publicação leva o título: “Nikolas Ferreira ajudou o PCC?”.

Outros deputados de esquerda, como Guilherme Boulos (PSOL-SP), Reimont (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG), reforçaram o discurso e sugeriram que o conteúdo divulgado por Nikolas beneficiou, ainda que indiretamente, o esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela PF.

Parlamentares aliados ao Planalto articulam pedidos formais de investigação junto ao Ministério Público Federal e ao Ministério da Justiça. Também querem levar o caso à Câmara dos Deputados para discutir uma possível apuração contra o deputado do PL.

Nikolas reage nas redes e promete processo

Em resposta, Nikolas Ferreira classificou as acusações como “mentirosas, torpes e criminosas”. Disse estar “compilando tudo” para processar os autores das declarações e garantir reparação judicial. “Acusar os outros sem provas é com a esquerda mesmo”, publicou no X (antigo Twitter).

Em outro post, criticou o secretário de Comunicação do governo, Sidônio Palmeira, ironizando o que chamou de tentativa frustrada de derrubá-lo politicamente. “Vai ter que fazer melhor do que isso pra me derrubar, Sidônio. Fraquinho.”

Nikolas, que é uma das figuras mais populares da nova direita, disse que Lula será condenado “se ainda houver justiça nesse país”.

Entenda a Operação Carbono Oculto

Deflagrada na quinta-feira (29), a Operação Carbono Oculto é considerada a maior ação da Polícia Federal contra esquemas de lavagem de dinheiro no Brasil. O alvo principal são fundos de investimento e fintechs que teriam sido utilizados pelo PCC para movimentar mais de R$ 52 bilhões.

Ao todo, 42 instituições financeiras localizadas na avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, foram investigadas. O nome da operação faz referência ao uso de combustíveis como fachada para o fluxo ilegal de recursos. Os investigadores apuram crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O caso segue em investigação e poderá ter novos desdobramentos nos próximos dias, tanto na esfera criminal quanto no campo político, com possíveis implicações para parlamentares envolvidos na polêmica.

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