
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) usou suas redes sociais neste domingo (20) para criticar as medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado. Em vídeo publicado no X (antigo Twitter), o parlamentar colocou em dúvida a proporcionalidade das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, e classificou as condenações relacionadas aos atos de 8 de janeiro como desmedidas.

“43 anos de cadeia é algo razoável? Fazer isso com uma pessoa só porque tem indícios e possibilidades de golpe?”, questionou Nikolas, se referindo à possibilidade de condenação de Bolsonaro. O ex-presidente está sendo investigado por supostamente liderar articulações para anular o resultado das eleições de 2022, mesmo estando fora do país no dia dos ataques à sede dos Três Poderes.
Deputado ironiza atuação da PGR e do STF
No vídeo, Nikolas também ironizou a atuação da Polícia Federal e da Suprema Corte, dizendo que o foco das autoridades estaria voltado a um suposto “golpe virtual” comandado dos Estados Unidos, onde Bolsonaro estava na época dos atos.
"A preocupação principal da nossa Suprema Corte e da nossa Polícia Federal, pelo visto, é uma pessoa que tentou dar golpe lá dos EUA, em EAD, virtual", afirmou o deputado, em tom de deboche.
Apesar de minimizar o papel do ex-presidente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) entende que Bolsonaro tinha pleno conhecimento do plano e liderava as articulações, mesmo à distância. Em suas alegações finais, a PGR defende que ele deve ser responsabilizado pelos desdobramentos dos atos golpistas de 8 de janeiro.
O Brasil precisa que você entenda isso. pic.twitter.com/PSeniI92Rw
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) July 21, 2025
Críticas às penas aplicadas
Nikolas também fez críticas diretas às penas impostas a participantes dos atos antidemocráticos, como as condenações a mais de 17 anos de prisão. Segundo ele, as punições são desproporcionais e não levam em conta o perfil dos envolvidos.
“As pessoas que estavam lá tinham faixa etária 50+. É óbvio que é errado depredar, já deixei isso claro várias vezes. Mas agora, meter 17 anos de cadeia em um cara que pegou a bola do Neymar autografada?”, ironizou o parlamentar, fazendo referência a um dos condenados nos processos conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes.
O deputado reforçou que não defende os atos de vandalismo, mas voltou a criticar a forma como o STF tem julgado os envolvidos, afirmando que há uma tentativa de criminalizar opositores políticos.
Bolsonaro sob medidas cautelares
As críticas de Nikolas vêm após uma série de medidas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro. Na semana passada, o ex-presidente foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, está proibido de deixar sua residência durante as noites e nos fins de semana, e deve manter distância de representações diplomáticas.
As restrições foram impostas após novas evidências apontarem para sua suposta participação nas tentativas de desestabilizar o processo democrático e incentivar um golpe de Estado. Moraes justificou as decisões com base na gravidade dos fatos e na necessidade de garantir a ordem pública.
Repercussão política
As falas de Nikolas Ferreira refletem o discurso adotado por parte da oposição, que tem acusado o Supremo de agir com parcialidade e de impor sanções severas com motivações políticas.
Ao mesmo tempo, setores da base do governo e instituições jurídicas argumentam que as punições são resultado do devido processo legal e visam proteger a democracia diante de ameaças explícitas à ordem constitucional.
O debate em torno das penas e da conduta dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro continua polarizando o cenário político nacional. Enquanto isso, Jair Bolsonaro e seus aliados seguem enfrentando investigações que podem gerar desdobramentos ainda mais relevantes nos próximos meses.
