
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) viveu uma noite marcada por emoção, arte e reconhecimento na última quarta-feira (13), durante a entrega da recém-criada Medalha e Diploma de Honra ao Mérito Helena Meirelles. Proposta pelo deputado estadual Caravina (PSDB) por meio da Resolução 10/2024, a homenagem exalta a contribuição das mulheres para a música sul-mato-grossense em diferentes estilos e gerações.

Batizada em homenagem à icônica Helena Meirelles, cantora, compositora e violeira que se tornou um símbolo da cultura regional, a premiação reconheceu 28 mulheres musicistas, entre instrumentistas, intérpretes e representantes da tradição musical popular.
O evento aconteceu no Plenário Júlio Maia, em uma noite embalada por apresentações culturais e falas emocionadas. Na abertura, o público foi presenteado com a apresentação da Orquestra Indígena de Mato Grosso do Sul, que executou trechos da obra Arapy Aguasu – Sinfonia entre Dois Mundos, uma produção conjunta dos maestros Eduardo Martinelli (Brasil) e Norberto Cruz (Portugal), que será levada em turnê internacional por Portugal e Espanha, entre o fim de agosto e o início de setembro. A orquestra também foi homenageada pela Assembleia.

Ao fazer uso da palavra, o deputado Caravina destacou a importância de reconhecer o papel das mulheres na construção da cultura musical do Estado e relembrou a trajetória de Helena Meirelles como um símbolo de superação.
"Ela enfrentou grandes desafios e foi precursora. Venceu preconceitos e abriu espaços para que as mulheres estejam hoje onde quiserem, com coragem. A música é plural, viva. Quando uma mulher sobe ao palco, ela inspira meninas. O Estado inteiro se orgulha de vocês", afirmou.
Também presente na solenidade, a deputada Lia Nogueira (PSDB) fez referência ao mês de Agosto Lilás, dedicado ao combate à violência contra a mulher, para reforçar a importância da premiação.
"A história de Mato Grosso do Sul se mistura à história de Helena Meirelles. Parabenizo o deputado Caravina por propor essa honraria no mês em que falamos sobre a força e a coragem das mulheres", disse.
Entre as 28 homenageadas da noite, esteve a instrumentista Laís Fujiyama, que encantou o público com sua apresentação ao violão. Em entrevista à TV ALEMS, ela falou sobre a capacidade transformadora da música:
"Tudo que a música me ofereceu, eu pude compartilhar com as pessoas. Ser instrumentista é transcender com a arte, deixar o instrumento falar."
Em seu discurso, Laís também prestou homenagem à Mayara Amaral, instrumentista vítima de feminicídio em 2017, relembrando a urgência da luta por respeito e espaço seguro para as mulheres na música.
A lista de homenageadas refletiu a pluralidade do cenário musical sul-mato-grossense. Foram reconhecidas artistas dos mais diversos estilos, faixas etárias e regiões do Estado:
Bianca Danzi, Cássia Valéria Escobar, Ellen Pessoa e Jaqueline Castro (dupla), Géssica Mendes, Julia Neves, Kamilly Martins, Kézia Karina Gomes de Miranda, Larissa Fidelis, Mariana Morais, Letícia dos Santos Silva, Maria Aparecida Mariano da Silva, Maria Izabel de Paula Lopes, Mariana Otero, Miska Thomé, Nathalia Ziê, Núbia Rocha, Pollyana Martins Souza, Sandra Rosa, Sara Elizabeth Chaves Santana, Vanessa Patricia de Araújo, Virginia Martins de Souza, Kenia Ribeiro Zeferino, Natalia Cabrera Iturbe, Mirian Suzuki, Alecsandra Harper, Ana Cabral e Simone Vieira Carvalho Gomes.
Além das parlamentares, também integraram a mesa solene o maestro Eduardo Martinelli, o prefeito de Anaurilândia, Rafael Mamoto, e o presidente da Associação Cultural dos Violeiros e Violeiras de MS, Anderson Alvarenga. Este último destacou que, das 13 vagas no curso gratuito de viola caipira oferecido pela associação, 12 são ocupadas por mulheres — o que, para ele, evidencia a crescente presença feminina na música regional.
Ao final da solenidade, o público ainda foi agraciado com uma apresentação especial da dupla Ellen Pessoa e Jaqueline Castro, encerrando a noite com emoção e aplausos.
Figura central da homenagem, Helena Meirelles (1924–2005) nasceu em uma fazenda na zona rural de Mato Grosso do Sul e, com sua viola, se tornou referência nacional e internacional. Mesmo autodidata e semianalfabeta, ela venceu o preconceito e conquistou o reconhecimento tardiamente — sendo eleita, em 1994, uma das 100 melhores instrumentistas do mundo pela revista norte-americana Guitar Player.
Sua história inspira gerações de artistas e representa a força da mulher que, mesmo à margem das estruturas formais da indústria cultural, construiu um legado imortal.
A Medalha e o Diploma que agora levam seu nome têm como propósito manter vivo esse legado e garantir que novas vozes femininas continuem ecoando em Mato Grosso do Sul e além.
