
O Mato Grosso do Sul está se preparando para dar uma resposta estrutural a um dos seus maiores desafios: o déficit de vagas no sistema prisional. Com o anúncio de novas obras e licitações já marcadas, o Estado começa a desenhar uma mudança concreta. A primeira etapa do plano será no dia 19 de dezembro, quando três unidades do Complexo da Gameleira entram em processo de contratação.
A expansão integra um pacote maior, coordenado pela Agepen, que vai criar 1.954 novas vagas no regime fechado masculino. Serão quatro presídios novos e duas ampliações, uma na Capital e outra no interior do Estado. A meta é aliviar a pressão sobre unidades que hoje operam acima da capacidade.
O Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, conhecido como Máxima, em Campo Grande, é o exemplo mais extremo da superlotação. Com capacidade para 640 detentos, abriga mais de 2.500. No Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, a taxa de ocupação também passa de 150%.
A superlotação é reflexo direto da localização estratégica do Estado, que faz fronteira com Bolívia e Paraguai e é rota de tráfico internacional. Cerca de 35% da população carcerária cumpre pena por crimes ligados ao tráfico de drogas. A resposta do governo vem em duas frentes: mais estrutura e mais oportunidades de reintegração.
Mesmo com os desafios, o sistema prisional do Estado se destaca em projetos de ressocialização. Oficinas de trabalho, cursos profissionalizantes e educação formal fazem parte da rotina de muitos internos. Mais de um terço dos presos participa de alguma atividade laboral. Segundo o CNJ, Mato Grosso do Sul está entre os dez melhores estados do país em indicadores de reinserção social.
A licitação das três novas unidades é mais do que uma obra pública. É uma mudança de escala na capacidade de resposta do Estado. Com quase 2 mil vagas a mais, Mato Grosso do Sul começa a reduzir o déficit que o colocou entre os três piores do país. O plano está em andamento e a primeira pedra será lançada ainda em 2025.

