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TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

MP pede ao TCU regras para divulgar rendimentos extras de agentes públicos

Representação propõe normas para tornar públicos ganhos com palestras, livros e eventos, inclusive no Judiciário

31 dezembro 2025 - 13h25Vanessa Araujo
Representação no TCU pede regras para divulgação de rendimentos obtidos por agentes públicos fora do cargo.
Representação no TCU pede regras para divulgação de rendimentos obtidos por agentes públicos fora do cargo. - (Foto: Reprodução)

O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Lucas Rocha Furtado, protocolou uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) solicitando que a Corte avalie a criação de normas que obriguem agentes públicos a divulgar rendimentos obtidos com atividades extrajudiciais. O pedido inclui membros do Judiciário e abrange ganhos com palestras, publicações, cursos, eventos e outras atividades fora das atribuições formais do cargo.

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A representação foi apresentada em 18 de dezembro e ficará sob relatoria do ministro Aroldo Cedraz. O tema surge em meio ao debate sobre conduta e transparência no Judiciário, no momento em que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, defende a elaboração de um código de conduta específico para magistrados de tribunais superiores.

No documento encaminhado ao TCU, Furtado sustenta que a ausência de regras claras sobre atividades remuneradas fora da função pública compromete a confiança da sociedade nas instituições. Para ele, a falta de regulamentação fragiliza a percepção de integridade e imparcialidade de autoridades que ocupam cargos estratégicos no Estado.

“A meu ver, essa falta de regulamentação é um problema grave, pois compromete a confiança da sociedade na integridade e na imparcialidade dos agentes públicos, especialmente daqueles que ocupam cargos de elevada responsabilidade”, afirma o subprocurador-geral em trecho da representação.

Furtado argumenta que, embora a legislação brasileira trate de temas como conflito de interesses e teto remuneratório, ainda há lacunas no que diz respeito à transparência dos rendimentos obtidos fora do exercício direto da função pública. Segundo ele, essa falta de clareza dificulta o controle social e a fiscalização por parte dos órgãos competentes.

Como base para a proposta, o subprocurador cita experiências adotadas em países como Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos. De acordo com a representação, esses países contam com códigos de conduta e regras específicas que exigem a divulgação de rendimentos provenientes de atividades extrajudiciais, medida que contribui para o fortalecimento da confiança da sociedade nas instituições públicas.

O documento destaca que a adoção de normas semelhantes no Brasil poderia reduzir questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e aumentar a transparência na atuação de autoridades públicas, especialmente no Judiciário, onde a imparcialidade é um princípio central.

Além da regulamentação da divulgação desses rendimentos, Furtado pede que o TCU avalie a criação de um código de conduta para agentes públicos, inspirado em modelos internacionais. A proposta prevê que, após a análise, a decisão do Tribunal de Contas seja encaminhada ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso Nacional, ampliando o debate institucional sobre o tema.

A iniciativa do MPTCU ocorre em um contexto de crescente cobrança por maior transparência no setor público e por mecanismos que ampliem a confiança da população nas instituições. O TCU ainda não se manifestou sobre o mérito da representação nem sobre prazos para análise do pedido.

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