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POLÍTICA

Carlos Moretzsohn nega envolvimento com fraude nas urnas e defende auditoria técnica nas eleições

Presidente do Instituto Voto Legal afirmou que não tratou de fraudes, apenas de questões técnicas, em depoimento ao STF

24 julho 2025 - 17h30Nino Guimarães
Alexandre de Moraes, Valdemar Costa Neto e Carlos Rocha
Alexandre de Moraes, Valdemar Costa Neto e Carlos Rocha - (Foto: Reprodução/processo judicial)

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do Instituto Voto Legal, negou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 24, ter participado da disseminação de informações sobre supostas "fraudes nas urnas" durante as eleições de 2022. Moretzsohn declarou que seu trabalho foi restrito a uma "auditoria técnica", contratada pelo PL, e que em nenhum momento mencionou ou investigou fraude com o intuito de questionar a legitimidade do pleito em favor de Jair Bolsonaro.

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“Tratamos de problemas técnicos, não de fraude em hipótese alguma. Não cabe ao auditor identificar causas das desconformidades encontradas”, afirmou o presidente do instituto, durante depoimento à juíza auxiliar Luciana Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), vinculada ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação.

Moretzsohn explicou que, no relatório produzido pelo Instituto Voto Legal, não há desinformação, apenas a documentação de fatos técnicos relacionados às urnas, e reiterou que o instituto não tinha competência para abordar falhas de programação ou alegações de fraude.

De acordo com a Procuradoria Geral da República (PGR), o relatório gerado pelo Instituto Voto Legal contava com alegações falsas, incluindo a afirmação de que cinco modelos de urnas apresentaram a repetição de números de identificação. Isso, segundo a PGR, configuraria uma tentativa de desinformar o público, sugerindo uma falha no sistema eleitoral. A denúncia também aponta que Moretzsohn contratou a empresa de Éder Lindsay Magalhães Balbino, responsável por fornecer suporte técnico, e que discutiram hipóteses de fraude nas urnas, incluindo a tese de que Bolsonaro teria vencido as eleições caso apenas urnas fabricadas em 2020 fossem utilizadas.

A PGR ainda afirma que, apesar das inconsistências nas alegações de fraude, Moretzsohn teria vazado o relatório à imprensa. Esse documento foi posteriormente utilizado pelo PL para protocolar uma petição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a invalidação dos votos de urnas com supostas falhas.

Antes do depoimento de Moretzsohn, o major da reserva do Exército, Ângelo Denicoli, foi ouvido pela juíza Luciana Sorrentino. Denicoli é acusado de colaborar na elaboração de um relatório com informações falsas sobre o processo eleitoral e de ter mantido contato com o influenciador argentino Fernando Cerimedo, conhecido por suas publicações questionando as urnas eletrônicas.

Durante o depoimento, a defesa de Denicoli fez uso do direito de permanecer em silêncio em grande parte, com o militar apenas respondendo às perguntas da juíza. Denicoli afirmou que não tinha qualificação para realizar auditorias e que não se envolveu em ataques às urnas eletrônicas. Ele também destacou que sua atuação foi limitada à consultoria, não participando diretamente das alegações de fraude.

A investigação revela que Denicoli atuava como elo entre o grupo e Cerimedo. A partir de diálogos encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, foi identificada a proximidade entre o militar e o influenciador, e um arquivo de autoria de Cerimedo foi compartilhado por meio do Google Drive.

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