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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (21) a abertura de um inquérito pela Polícia Federal para apurar suspeitas de uso de informações privilegiadas em operações com dólar realizadas pouco antes de o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros.

A investigação foi aberta após um pedido feito pela Advocacia-Geral da União (AGU), chefiada por Jorge Messias, que apontou indícios de que grandes volumes de transações cambiais ocorreram horas antes do anúncio oficial, o que levanta suspeitas de insider trading — prática ilegal de negociação com base em informações sigilosas.
Segundo a AGU, há fortes indícios de que pessoas físicas ou jurídicas com acesso antecipado à decisão americana lucraram de forma anormal, com ganhos entre 25% e 50% em poucas horas. O episódio foi revelado em reportagem da TV Globo, exibida na sexta-feira (18), e motivou a manifestação formal ao STF.
Transações antes e depois do anúncio levantam suspeitas
De acordo com relatos apresentados à AGU, por volta das 13h30 do dia 9 de julho — cerca de três horas antes do anúncio oficial de Trump — houve uma movimentação incomum no mercado de câmbio. Segundo Spencer Hakimian, gestor do fundo americano Toulou Capital, houve uma compra massiva de dólares, estimada entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, à cotação de R$ 5,46.
Minutos após Trump anunciar o tarifaço, às 16h17, uma operação de venda com volume semelhante ocorreu, com cotação de R$ 5,60. A diferença de poucos centavos rendeu lucros de até 50% em apenas três horas, de acordo com estimativas do gestor. “Não é o padrão normal das transações com o real”, afirmou Hakimian à emissora.
Inquérito corre em sigilo e envolve outros fatos relacionados
O caso tramita sob sigilo no Supremo e foi registrado como uma petição autônoma, mas ficará sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O magistrado já conduz o inquérito que investiga o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de articular com parlamentares republicanos dos EUA para pressionar o STF a anular a ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado, da qual seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, é réu.
A AGU sustenta que o possível vazamento de informações e o uso de instrumentos de comércio internacional configurariam uma tentativa de coação deliberada contra o Judiciário brasileiro. A articulação envolveria a elevação de tarifas como retaliação às decisões do STF e à postura do governo Lula em relação a empresas americanas de tecnologia.
Trump reagiu contra o Brasil e defendeu Bolsonaro
Ao anunciar o tarifaço, Trump justificou a medida dizendo que se tratava de uma resposta direta à forma como o Brasil vem tratando Jair Bolsonaro. Ele classificou a atuação do país como uma “desgraça internacional” e disse que Bolsonaro é um “líder altamente respeitado no mundo”.
A nova tarifa entra em vigor em 1º de agosto e afeta diretamente setores de exportação brasileiros, aumentando a tensão entre Brasília e Washington.
AGU pede ações da CVM e comunicação à PGR
Além do inquérito já autorizado, a AGU solicitou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) seja formalmente comunicada dos fatos e que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tome providências administrativas e civis para investigar o eventual uso de informação privilegiada no mercado financeiro.
No pedido, a AGU afirma que a elevação das tarifas pode ter tido como objetivo deliberado a criação de um ambiente de instabilidade econômica, para pressionar o Poder Judiciário e afetar diretamente as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
A Polícia Federal agora terá a responsabilidade de identificar quem foram os operadores das transações suspeitas e se houve de fato acesso antecipado a informações sigilosas do governo norte-americano.
