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JUSTIÇA BRASILEIRA

O preço das multas de Moraes: R$ 18 milhões das empresas de Musk vão para a União

Citibank e o Itaú informaram nesta quinta, 12, ao Supremo que efetivaram as transferências para as contas da União; valor quitou multas por descumprimento de decisões judiciais por parte da rede social

13 setembro 2024 - 16h10Pepita Ortega
Decisão que suspendeu o X segue em vigor
Decisão que suspendeu o X segue em vigor - (Foto: Alice Labate/Estadão)

Na quarta-feira, 11 de setembro de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o bilionário Elon Musk colidiram de novo, dessa vez com um golpe no bolso. O ministro Alexandre de Moraes, conhecido por seu pulso firme em casos que envolvem o cumprimento de ordens judiciais, determinou a transferência de R$ 18,35 milhões das contas brasileiras do X (o antigo Twitter) e da Starlink para a União. O motivo? Multas por descumprimento de decisões judiciais, incluindo a ausência de um representante legal das empresas no país.

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O valor bloqueado? R$ 7,28 milhões da X Brasil Internet Ltda e R$ 11,06 milhões da Starlink Brazil Serviços de Internet Ltda. Os bancos Citibank e Itaú Unibanco confirmaram a transferência do dinheiro para a conta da União, e Moraes imediatamente ordenou o desbloqueio das contas bancárias e de bens das duas empresas. Para Musk, foi mais um episódio de uma novela que mistura tecnologia, poder e soberania jurídica.

Mas como isso aconteceu? Tudo começou em agosto, quando o X fechou seu escritório no Brasil e demitiu seus funcionários. O fechamento não foi só um gesto de "reestruturação", mas criou um problema prático: sem uma presença física ou representante legal no país, as intimações do STF para a empresa ficaram sem resposta. Isso fez com que Alexandre de Moraes, cansado da ausência de resposta e da sensação de que as empresas de tecnologia não jogavam o jogo das leis brasileiras, decidisse impor uma série de sanções.

No dia 29 de agosto, o ministro ordenou o bloqueio das contas bancárias da Starlink, parte do império de Musk que oferece internet via satélite. A lógica por trás do bloqueio era simples: Musk não apenas estava ausente no Brasil, mas suas empresas pareciam operar como um "grupo econômico de fato", na visão de Moraes, e a Starlink foi incluída nessa rede de responsabilidades.

No dia 30 de agosto, o ministro deu um passo mais ousado: suspendeu o funcionamento do X em todo o território nacional até que a empresa nomeasse um representante legal no país e pagasse as multas impostas. Resultado? O X, ou ex-Twitter, segue fora do ar no Brasil. Os brasileiros acordaram um dia e se viram sem acesso à rede social – tudo por conta de uma batalha entre o maior nome da tecnologia mundial e um dos mais poderosos tribunais do Brasil.

A queda de braço entre Musk e Moraes - O embate entre Elon Musk e o STF reflete algo maior que a disputa por multas ou representantes legais. É um confronto sobre até onde vai a jurisdição de um país quando o tema são as gigantes de tecnologia, que operam em todo o mundo, mas nem sempre seguem as regras locais.

Em agosto, Moraes deu um ultimato: Musk deveria nomear um representante legal no Brasil até o dia 28 daquele mês, sob pena de retirar o X do ar. Musk não deu sinais de que cumpriria a ordem. No dia seguinte, o martelo bateu. O X foi suspenso, com o tribunal reforçando que, para operar no Brasil, é preciso seguir as leis brasileiras – algo que Musk, com sua tendência a desafiar normas, não pareceu priorizar.

A Starlink entrou no rolo como uma espécie de "parente" próximo do X. Operando sob o mesmo guarda-chuva corporativo, a empresa também foi punida, com o bloqueio de mais de R$ 11 milhões. A mensagem do STF foi clara: seja com internet via satélite ou redes sociais, no Brasil, as empresas de Musk precisavam respeitar as decisões judiciais.

A conta veio e foi paga – mas o X segue fora do ar - Com a multa paga e os valores transferidos, as contas bancárias e bens de ambas as empresas foram desbloqueados. Isso poderia parecer um final feliz para Musk, mas não é tão simples. Embora o dinheiro tenha sido repassado, o X permanece fora do ar, pois ainda não há um representante legal da empresa no Brasil – uma exigência básica para que a rede social volte a funcionar no país.

Para os usuários do antigo Twitter no Brasil, a ausência da plataforma é sentida. Desde sua suspensão, muitos migraram para outras redes, enquanto o X, agora sob o comando de Musk e rebatizado, segue como uma incógnita no país. Em uma era onde a comunicação digital é fundamental, ver uma rede social global ser retirada do ar por questões jurídicas é algo raro – mas é exatamente o que aconteceu aqui.

O impacto dessa disputa - No fundo, a disputa entre Elon Musk e o STF é sobre mais do que dinheiro. Trata-se de como a soberania de um país se impõe sobre gigantes da tecnologia que, muitas vezes, agem como se estivessem acima das leis locais. Moraes deixou claro que, no Brasil, as regras precisam ser seguidas, independentemente do tamanho ou do poder de uma empresa. Para Musk, que construiu uma reputação como inovador e rebelde, o desafio é ajustar suas empresas ao cenário jurídico brasileiro – ou continuar lidando com as consequências.

Com as contas liberadas, o que resta é saber se o magnata da tecnologia cumprirá a ordem de nomear um representante para o X no Brasil ou se continuará jogando um jogo de resistência que pode ter um impacto duradouro no mercado e na comunicação digital no país.

Enquanto isso, a rede social segue fora do ar, e o Brasil continua a acompanhar de perto a novela que mistura poder, tecnologia e a insubordinação de um dos homens mais ricos do mundo.

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