Missão do Senado abre espaço para nova agenda de cooperação com Washington

Senadores brasileiros durante missão oficial aos Estados Unidos para fortalecer cooperação e ampliar oportunidades de negócios bilaterais. - (Foto: Assessoria)

Uma missão oficial do Senado Federal, liderada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad (PSDMS), iniciou nesta segunda-feira (28) uma série de encontros em Washington com o objetivo de fortalecer o diálogo estratégico entre Brasil e Estados Unidos. A visita acontece em um momento sensível, após o anúncio de tarifas adicionais de 50% pelo governo Trump sobre produtos brasileiros.

O primeiro compromisso foi um café da manhã de trabalho na residência da embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti. Participaram do encontro sete senadores da delegação brasileira, representantes do Itamaraty, ministros da embaixada e o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo.

Cooperação e diálogo - A embaixadora Viotti destacou que as negociações bilaterais começaram ainda em março, quando uma videoconferência entre o vice-presidente do Brasil e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, deu origem a um grupo de trabalho técnico. Segundo ela, o Brasil apresentou dados mostrando que a tarifa média efetiva brasileira é de apenas 2,7%, contrariando a percepção de protecionismo em Washington.

Apesar do avanço, o anúncio de novas tarifas surpreendeu o governo brasileiro. "Foi com grande surpresa que recebemos a carta. O diálogo vinha fluindo, nossas considerações estavam sendo levadas em conta. Ainda assim, seguimos à disposição para dialogar", afirmou Viotti.

A embaixadora também informou que há ações judiciais em andamento nos EUA que questionam a legalidade das sobretaxas. Uma delas, movida pela Johana Foods, que importa suco de laranja do Brasil, precisa de decisão judicial até 1º de agosto. Outra ação, mais ampla, conta com apoio de parlamentares e empresas e pode criar um precedente mais sólido. "Sempre há recurso", disse Viotti, lembrando que mesmo decisões favoráveis podem ser suspensas por apelações.

Reunião na Embaixada do Brasil em Washington

Relação histórica e oportunidades - Para o senador Nelsinho Trad, a missão parlamentar tem papel institucional claro: criar espaços para que as partes ouçam e dialoguem. "O Brasil quer construir, não confrontar. Estamos aqui para preservar uma relação de 200 anos que é sólida e mutuamente vantajosa", afirmou Trad.

O ex-diretor da OMC, Roberto Azevêdo, reforçou que a atual conjuntura deve ser vista como uma oportunidade estratégica. "O que está acontecendo agora está forçando o governo, o empresariado e a sociedade brasileira a repensarem como fazer negócios e como se aproximar mais dos Estados Unidos. Não podemos desperdiçar essa mobilização", disse Azevêdo. Ele também alertou para o risco de equívocos que podem agravar tensões comerciais. "Noventa por cento das situações de crise das quais participei eram isso: percepção equivocada. Não podemos embarcar nisso de novo."

Próximos passos - A missão, que conta com a participação dos senadores Tereza Cristina (PPMS), Jaques Wagner (PTBA), Fernando Farias (MDBAL), Astronauta Marcos Pontes (PLSP), Esperidião Amin (PPSC), Rogério Carvalho (PTSE) e Carlos Viana (PodemosMG), segue até quarta-feira (30).

Estão previstas reuniões no Congresso dos EUA e encontros com lideranças empresariais e institucionais ligadas ao BrazilU.S. Business Council e à Americas Society / Council of the Américas. A delegação conta ainda com o apoio da ApexBrasil e diplomatas brasileiros.

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