
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, afirmou nesta quinta-feira (18) que o governo está conduzindo uma investigação rigorosa sobre possíveis fraudes na concessão de crédito consignado a aposentados e pensionistas do Regime Geral da Previdência Social. A apuração é conduzida pela força-tarefa previdenciária em parceria com a Polícia Federal.

“Estamos investigando, olhando com lupa, fazendo um pente-fino nesses consignados”, disse o ministro em entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Segundo Queiroz, os primeiros indícios de irregularidades surgiram após ele assumir o comando da pasta, em maio deste ano. Desde então, aposentados e pensionistas têm relatado descontos em seus benefícios referentes a empréstimos que nunca contrataram.
“A primeira coisa que fiz foi mandar isso para a inteligência, para a força-tarefa previdenciária. Disse: ‘Quero uma auditoria. Quero saber quem é que está fazendo isso com os nossos aposentados’”, contou o ministro.
Relatório sigiloso e pressão sobre bancos
O ministro afirmou que já recebeu um relatório preliminar com dados sobre as investigações, mas que o conteúdo é sigiloso. Com base nesse documento, o Ministério tem realizado reuniões com representantes do sistema financeiro, como a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC).
“O objetivo é apertar o cerco. Estamos vigilantes para que não haja qualquer tipo de desconto indevido, corrupção ou fraude também nos consignados”, declarou.
A preocupação do governo também recai sobre as fintechs, empresas que operam crédito digital de forma mais ágil, e que podem estar sendo utilizadas para aplicar golpes contra beneficiários do INSS.
Golpes em série e impacto bilionário
As investigações ocorrem em meio a denúncias de um esquema bilionário de fraudes, que envolvem associações fantasmas cobrando mensalidades indevidas diretamente dos benefícios de aposentados. O escândalo também é tema de apuração pela CPMI do INSS, em curso no Congresso Nacional.
“Não queremos saber de fraudes, de descontos indevidos. Vamos agir com muito rigor a fim de preservar os nomes do INSS, da Previdência Social e os interesses dos cidadãos que recebem seus benefícios”, reforçou Queiroz.
Atuação permanente da força-tarefa
Criada em 2003, a força-tarefa previdenciária atua de forma conjunta entre servidores do Ministério da Previdência e da Polícia Federal. Desde então, participou de 1.315 operações, que resultaram em 3.721 prisões, incluindo 557 servidores públicos.
“Temos uma força-tarefa que atua de forma permanente, junto com a PF, no Brasil inteiro”, afirmou Queiroz. “O Ministério da Previdência paga mais de R$ 1 trilhão todos os anos. Portanto, temos que ter muito cuidado, porque tem sempre gente querendo meter a mão nesse dinheiro.”
Segundo ele, há semanas em que são realizadas até quatro operações simultâneas. O objetivo, segundo o ministro, é garantir que o sistema previdenciário atue com segurança e respeito aos beneficiários.
