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21 de outubro de 2025 - 13h45
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TRAMA GOLPISTA

Moraes inicia julgamento do núcleo da desinformação e classifica grupo como "milícia digital"

Relator do processo no STF, ministro aponta atuação coordenada para justificar golpe de Estado e diz que réus usaram a Abin para espalhar fake news e monitorar autoridades

21 outubro 2025 - 11h10Rayssa Motta
Alexandre de Moraes é o relator das ações relacionadas aos núcleos da trama golpista.
Alexandre de Moraes é o relator das ações relacionadas aos núcleos da trama golpista. - (Foto: Wilton Júnior/Estadão)
Terça da Carne

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu início nesta terça-feira, 21, ao voto no julgamento do chamado núcleo da desinformação, o quarto grupo processado no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil. Como relator, Moraes foi o primeiro a se manifestar e classificou o grupo como uma "milícia digital" articulada para sabotar as eleições de 2022 e atacar instituições democráticas, sob o comando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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“Milicianos covardes que atacam não só os seus inimigos, mas também os familiares. Uma organização criminosa que tentou tomar de assalto a República Federativa do Brasil”, afirmou o ministro.

Segundo Moraes, o objetivo do grupo era deslegitimar a Justiça Eleitoral, criar ambiente favorável a um levante popular e pressionar as Forças Armadas para aderirem a uma ruptura institucional. O relator apontou que integrantes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) usaram o sistema da agência para criar notícias falsas, atacar o STF, o TSE e monitorar autoridades, incluindo ministros do Supremo. O esquema ficou conhecido como "Abin Paralela".

“Atuavam como uma célula de inteligência miliciana de um grupo criminoso”, criticou Moraes.

Quem são os réus do núcleo da desinformação:

  • Ailton Barros: capitão reformado do Exército, acusado de disseminar ataques a comandantes militares;
  • Ângelo Denicoli: major da reserva;
  • Carlos Moretzsohn: ex-presidente do Instituto Voto Legal, autor do relatório do PL para tentar anular os votos do 2º turno;
  • Giancarlo Rodrigues: subtenente do Exército e ex-servidor da Abin, integrante da “Abin Paralela”;
  • Guilherme Marques: tenente-coronel que compartilhou fake news sobre urnas;
  • Marcelo Bormevet: policial federal, também ex-Abin, suspeito de participar da rede paralela;
  • Reginaldo Abreu: coronel do Exército.

Crimes imputados ao grupo:

  • Organização criminosa armada
  • Golpe de Estado
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Dano qualificado contra patrimônio da União
  • Deterioração de patrimônio tombado

Moraes enfatizou que todos os núcleos do plano golpista operavam de forma paralela e interligada, e mesmo que alguns réus não tivessem participado de todas as fases da conspiração, atuaram diretamente em atos executórios dos crimes.

"É mentira dizer que atacar a Justiça Eleitoral é liberdade de expressão. Isso é crime", disse o ministro.

Após o relator, devem votar os ministros Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino. A definição das penas será feita ao final, caso haja maioria para as condenações.

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