
O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na tarde deste domingo (23), na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde ele está preso preventivamente desde o último sábado (22). A visita ocorreu entre 15h e 17h, horário limite autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A imagem registrada pelo fotógrafo Wilton Júnior, do jornal O Estado de S. Paulo, mostra Bolsonaro de pé, com expressão séria, enquanto se despede da esposa. Além de Michelle, o ex-presidente também foi atendido por médicos e participou da audiência de custódia, que manteve sua prisão.
A detenção foi decretada por Moraes com base no risco de fuga. O ministro apontou que a convocação de uma vigília por parte do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, poderia provocar tumultos e abrir margem para uma tentativa de evasão.
Durante a audiência, Bolsonaro admitiu ter danificado a tornozeleira eletrônica que utilizava, utilizando um ferro de solda quente. Segundo seu depoimento, o ato foi motivado por “paranoia” e “alucinações”, supostamente causadas pela combinação de dois medicamentos. A revelação foi feita antes do fim do monitoramento oficial, conforme divulgou a defesa do ex-presidente.
A confissão é um dos pontos que pesam na manutenção da prisão. A Polícia Federal avalia que a sabotagem do equipamento de monitoramento compromete a integridade das medidas cautelares, além de indicar possível intenção de fuga.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal deve decidir nesta segunda-feira (24) se mantém ou revoga a prisão preventiva de Bolsonaro. O julgamento ocorrerá em ambiente virtual, e o relator do caso, Alexandre de Moraes, já sinalizou que há elementos concretos para manter a medida cautelar.
A expectativa é de que os demais ministros sigam o voto do relator, diante da gravidade do caso e da confissão sobre a destruição da tornozeleira.
Bolsonaro vinha sendo monitorado por decisão judicial desde o início do segundo semestre, como parte de um inquérito que apura tentativas de interferência em instituições democráticas. A prisão preventiva foi considerada necessária diante da possibilidade de o ex-presidente deixar o país ou influenciar investigações em curso.

