Um dia após a Câmara dos Deputados aprovar o regime de urgência para o projeto de lei que perdoa condenados pelos atos do 8 de Janeiro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) voltou a publicar, nesta quinta-feira (18), uma foto antiga do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usando uma camiseta com a palavra “anistia”. A imagem já havia sido compartilhada em março, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Copacabana, no Rio, defendendo anistia aos envolvidos na trama golpista.
Atualmente condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, Bolsonaro busca reduzir ou evitar o cumprimento da pena de 27 anos, por meio do projeto que tramita no Congresso. Apesar de sinais do Senado e do próprio STF de que a medida seria inconstitucional, aliados do ex-presidente seguem pressionando pela sua aprovação. Há negociações para que a proposta diminua as penas dos participantes do 8 de Janeiro, mas não se estenda a Bolsonaro e seus aliados.
Michelle Bolsonaro posta foto de Lula com camiseta escrita “anistia” #AnistiaJá pic.twitter.com/3Lalsu5cRU
— Maria P (@damadanoite14) March 16, 2025
Foto histórica e contexto da anistia
A imagem de Lula foi registrada em abril de 1979 pelo fotógrafo Iugo Koyama, no ABC Paulista. O então sindicalista distribuía panfletos em favor da Lei da Anistia, que foi resultado de mobilização iniciada em 1975 por organizações da sociedade civil e sancionada em agosto de 1979 pelo último presidente militar, João Baptista Figueiredo.
A lei previa a extinção coletiva de punibilidade, beneficiando cerca de 4.650 pessoas punidas por crimes políticos entre setembro de 1961 e agosto de 1979. Entre elas, estavam militantes presos, exilados ou destituídos de cargos, assim como representantes sindicais com direitos políticos suspensos.
Contudo, a anistia também alcançou militares e policiais que, no exercício de suas funções, cometeram tortura, assassinatos e prisões ilegais contra opositores do regime. Lula, por exemplo, foi preso em 1980 por liderar greve após o período de aprovação da lei.
