
A trajetória da violeira sul-mato-grossense Helena Meirelles — reconhecida como uma das maiores representantes da música de raiz no Brasil — agora se transforma em homenagem permanente. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) publicou na quinta-feira (10) a Resolução 6/2025, que oficializa a Medalha e o Diploma de Honra ao Mérito Legislativo Helena Meirelles como distinções fixas no calendário do Legislativo estadual.

Com a nova redação, a homenagem deixa de ser vinculada a uma data comemorativa específica — como o centenário da artista, celebrado em 2024 — e passa a ter caráter contínuo. A entrega das honrarias será feita, preferencialmente, na semana de nascimento de Helena, em 13 de agosto, em sessão solene na ALEMS.
A proposta é do deputado estadual Caravina (PSDB) e tem como foco valorizar mulheres música-instrumentistas de Mato Grosso do Sul, destacando talentos em diferentes estilos e segmentos musicais.
“Além de homenagear Helena, a medalha se torna uma forma de reconhecer mulheres que, como ela, fazem da música seu instrumento de expressão, cultura e resistência”, afirmou o parlamentar.
Helena Meirelles: símbolo da música pantaneira - Helena nasceu em 1924, em Bataguassu (MS), e passou a maior parte da vida no anonimato. Só foi reconhecida nacionalmente após os 60 anos, quando seu talento com a viola caipira ultrapassou as fronteiras do Estado. Em 1994, foi eleita pela revista norte-americana Guitar Player como uma das 100 melhores instrumentistas do mundo — feito inédito para uma mulher brasileira ligada à música tradicional.
Com um estilo forte, visceral e autoral, Helena se tornou símbolo da cultura pantaneira, misturando ritmos como guarânia, polca paraguaia e chamamé com as vivências do interior e da fronteira. Sua história de superação, enfrentando pobreza, machismo e invisibilidade artística por décadas, a transformou em ícone cultural.
Reconhecimento que inspira gerações - Ao tornar a Medalha Helena Meirelles uma homenagem permanente, a Assembleia Legislativa abre espaço para reconhecer, ano após ano, mulheres que mantêm viva a tradição da música instrumental e expandem os horizontes da cultura em Mato Grosso do Sul.
A honraria não é apenas um gesto de memória, mas uma política de valorização da arte produzida por mulheres — especialmente aquelas que, como Helena, constroem seus caminhos na resistência e na força da identidade regional.
