
A líder da oposição venezuelana María Corina Machado foi anunciada nesta sexta-feira (10) como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, em reconhecimento à sua luta pela democracia e pelos direitos civis na Venezuela. A decisão foi divulgada pelo Comitê Norueguês do Nobel, que destacou a “coragem e perseverança” da política em meio à repressão do regime de Nicolás Maduro.

Em ligação com o diretor do comitê, Kristian Berg Harpviken, momentos antes do anúncio oficial, Machado se emocionou ao receber a notícia. “Este prêmio não é só meu, mas de toda uma sociedade”, afirmou a líder venezuelana.
“Um símbolo da resistência democrática”
O presidente do comitê, Jørgen Watne Frydnes, destacou que María Corina Machado se consolidou como uma figura unificadora em uma oposição historicamente dividida, reunindo diferentes setores em torno de um mesmo objetivo: eleições livres e governo representativo.
“No último ano, a Sra. Machado foi forçada a viver escondida. Apesar das sérias ameaças à sua vida, ela permaneceu no país, uma escolha que inspirou milhões. Quando autoritários tomam o poder, é crucial reconhecer os corajosos defensores da liberdade que se levantam e resistem”, afirmou Frydnes.
O comitê norueguês ressaltou que a Venezuela “evoluiu de um país próspero e relativamente democrático para um Estado brutal e autoritário”, e que a trajetória de Machado representa “um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina em tempos recentes”.
“Reconhecimento da luta de um povo” - Após o anúncio, María Corina publicou uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), dedicando o prêmio ao povo venezuelano e ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que era um dos cotados ao Nobel deste ano.
“Este imenso reconhecimento da luta de todos os venezuelanos é um ímpeto para concluirmos nossa tarefa: alcançar a liberdade”, escreveu.
“Hoje, mais do que nunca, contamos com o presidente Trump, o povo dos Estados Unidos, os povos da América Latina e as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para conquistar a liberdade e a democracia. Dedico este prêmio ao povo sofredor da Venezuela e ao presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa.”
Machado vive na clandestinidade desde julho de 2024, após a vitória contestada de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais venezuelanas, denunciadas pela oposição e pela comunidade internacional como fraudulentas.
Durante uma conversa telefônica com o aliado político Edmundo González Urrutia, a líder confessou surpresa com a notícia:
“O que é isso? Eu não posso acreditar, estou chocada!”, disse, emocionada.
Reconhecimento internacional - María Corina Machado já havia recebido outros prêmios internacionais, como o Sakharov para a Liberdade de Pensamento, concedido pelo Parlamento Europeu, e o Václav Havel de Direitos Humanos, do Conselho da Europa.
Com o Nobel, ela se junta a uma lista de líderes reconhecidos por sua atuação pacífica em contextos autoritários, como Nelson Mandela, Lech Wałęsa e Malala Yousafzai.
Segundo o comitê, o prêmio foi concedido “por seu incansável trabalho de promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
