
Na noite de ontem (18 de dezembro), a Câmara Municipal de Dourados transbordava de gente e expectativa. No centro de tudo, Marçal Filho, prefeito eleito, sorria para os flashes, agora oficialmente diplomado para comandar a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Ao lado dele, a vice-prefeita Gianni Nogueira e 21 vereadores recém-eleitos recebiam, entre aplausos, o aval da Justiça Eleitoral.

“Esse diploma é o mais importante da minha vida”, confessou Marçal a uma jornalista, com a voz embargada, antes de entrar no prédio. “Nasci aqui, conheço cada rua, cada problema. Sei o peso dessa responsabilidade, mas também a alegria que ela traz.”
Eleitos e suplentes diplomados pela Justiça Eleitoral de Dourados
A cerimônia foi breve e sem discursos dos diplomados – uma regra da Justiça Eleitoral que deu aos juízes Ana Carolina Farah Borges da Silva e Eduardo Floriano Almeida o protagonismo nos microfones. Eles não pouparam palavras para lembrar aos presentes o tamanho da missão que têm pela frente.
“Todo poder emana do povo”, cravou a juíza Ana Carolina, sem disfarçar a emoção. “Que os senhores trabalhem por esse povo querido de Dourados, essa cidade maravilhosa.”
Mas foi nas entrevistas, antes e depois do evento, que Marçal desenhou os contornos de suas primeiras semanas de governo.
Saúde: o grande desafio - Se há uma palavra que Marçal repetiu ao longo da noite foi saúde. Com a confiança de quem já começou a articular soluções, ele explicou que sua equipe técnica está finalizando um plano emergencial para reestruturar o sistema público de saúde, historicamente precário.
“Já conversei com o governo do Estado. A Secretaria de Saúde se colocou à disposição. Vamos agir rápido para garantir que a população seja bem atendida, com dignidade e eficiência.”
Aeroporto: um símbolo de transformação - Mas foi quando o assunto chegou ao Aeroporto Regional de Dourados que o tom de Marçal mudou, passando da cordialidade ao pragmatismo enfático. O aeroporto, fechado há quase quatro anos, virou um elefante branco que consome quase R$ 100 milhões e nenhuma solução.
“Isso não vai continuar assim. Já conversei com autoridades federais e tenho reuniões marcadas com companhias aéreas para janeiro. Garanto que Dourados vai ter pousos e decolagens de grande porte. Não é aceitável que cidades menores tenham voos comerciais e nós, não. Isso acaba agora.”
A frase foi um misto de promessa e indignação, pontuada por uma pausa estratégica, como se ele quisesse garantir que todos ouviram bem.
Aeroporto Regional de Dourados, fechado há quase quatro anos, é uma das prioridades do prefeito eleito Marçal Filho para reativação e operação de voos comerciais.
Secretariado: um time que veste a camisa - Ao ser questionado sobre sua equipe de governo, Marçal manteve o suspense. O anúncio oficial só virá no dia 1º de janeiro, após a posse. Mas ele adiantou que está escolhendo pessoas com experiência e comprometimento, que compartilhem seu entusiasmo e a missão de transformar Dourados.
“Sem equipe, você não vai a lugar nenhum. Quero gente que vista a camisa e entre na prefeitura com a mesma energia que eu. Estamos construindo um time forte, focado e técnico.”
Um começo carregado de simbolismos - Dourados, que carrega a fama de ser gigante adormecida, agora parece à beira de algo novo. Marçal Filho, com sua mistura de pragmatismo e paixão pela cidade onde nasceu, tem o discurso certeiro para um público cansado de promessas vazias. A reabertura do aeroporto, a saúde pública e a escolha de uma equipe técnica não são apenas pautas administrativas; são símbolos de uma cidade que quer virar a página.
A multidão que lotava a Câmara naquela noite não aplaudia apenas um diploma; aplaudia a possibilidade de acreditar de novo.
