tjms
POLÍTICA

Em ato esvaziado na Paulista, Boulos provoca família Bolsonaro, Lindbergh prega contra anistia

Ato na Paulista liderado por Boulos reúne 6,6 mil pessoas contra o projeto que perdoa crimes de 8 de janeiro.

30 março 2025 - 17h14
Em ato esvaziado na Paulista, Boulos provoca família Bolsonaro, Lindbergh prega contra anistia
Em ato esvaziado na Paulista, Boulos provoca família Bolsonaro, Lindbergh prega contra anistia

Domingo, 30 de março, foi dia de protesto na Avenida Paulista. Mas, ao contrário das grandes mobilizações de outros tempos, o ato liderado por Guilherme Boulos (PSOL-SP) reuniu um público mais modesto — cerca de 6,6 mil pessoas, segundo levantamento com uso de inteligência artificial feito pela USP e pela ONG More in Common.

Canal WhatsApp

O alvo da manifestação era o chamado PL da Anistia, projeto de lei apresentado pelo deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), que pretende perdoar todos os envolvidos nas manifestações e invasões de prédios públicos em 8 de janeiro de 2023. Na prática, abriria caminho para beneficiar até o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje réu por tentativa de golpe de Estado.

Durante o ato, Boulos subiu no palanque e não poupou palavras: “O mundo gira e nós ainda vamos ter oportunidade de pegar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e levar a marmita da Cozinha Solidária para ele lá na Papuda”, disse, em referência a uma eventual prisão de Bolsonaro.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do governo na Câmara, também discursou. Para ele, esta será uma “semana decisiva” para enterrar de vez o projeto. “Só de votar já é um crime”, afirmou.

O evento teve ainda a presença de parlamentares da esquerda, como Carlos Zarattini, Orlando Silva, Ivan Valente e Erika Hilton, além de deputados estaduais paulistas.

Organizado por movimentos ligados ao PT e ao PSOL, o protesto ocorreu na Praça Oswaldo Cruz, no início da Avenida Paulista. De lá, os manifestantes seguiram até o antigo prédio do DOI-Codi, símbolo da repressão durante a ditadura militar. A caminhada foi também um ato simbólico contra o golpe de 1964, que completa 60 anos neste mês.

Além de São Paulo, outras sete capitais registraram manifestações similares: Brasília, Belo Horizonte, Recife, Belém, São Luís, Curitiba e Fortaleza.

Nas redes sociais, políticos da oposição ironizaram o tamanho do ato. O senador Ciro Nogueira (PP-PI) chamou a manifestação de “vazia”, enquanto o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) postou uma foto e afirmou, em tom de deboche, que contou “44 pessoas”.

O projeto de anistia ainda não foi votado, mas o placar do Estadão mostra que 192 deputados são a favor da proposta, 126 contra e 106 não quiseram se posicionar. Como são necessários 257 votos para aprovar a medida na Câmara, o cenário ainda é incerto.

A questão é saber se o PL, ao incluir até Bolsonaro entre os possíveis anistiados, conseguirá votos suficientes para seguir adiante. Por enquanto, a base do governo aposta em barrar o texto no plenário.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop