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Maioria dos brasileiros não acredita que Trump conseguirá reverter inelegibilidade de Bolsonaro

Pesquisa Genial/Quaest mostra que 59% da população não vê influência do ex-presidente dos EUA na situação jurídica de Bolsonaro

28 julho 2025 - 21h45Juliano Galisi
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou tarifa de 50% aos produtos brasileiros
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, anunciou tarifa de 50% aos produtos brasileiros - (Foto: Jacquelyn Martin/AP)
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A maior parte dos brasileiros não acredita que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terá força suficiente para mudar o status jurídico de Jair Bolsonaro (PL) no Brasil. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 28, 59% dos entrevistados acham que a atuação de Trump não vai reverter a inelegibilidade do ex-presidente.

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Apenas 31% apostam que o apoio do republicano pode surtir efeito. Outros 10% disseram não saber ou preferiram não responder.

O levantamento foi realizado entre os dias 10 e 13 de julho, com 2.004 entrevistados em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%.

As respostas ao levantamento também refletem o posicionamento político dos entrevistados. Entre os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 69% não veem chance de Trump influenciar o cenário jurídico de Bolsonaro. Já entre os que votaram no ex-presidente em 2022, a divisão é mais equilibrada: 46% acreditam em algum efeito da ação de Trump, enquanto 45% não.

Entre os que votaram branco, nulo ou não compareceram às urnas, 59% também se mostraram céticos quanto à possibilidade de reversão da inelegibilidade, e 27% veem alguma chance de mudança.

O cenário revela que até entre apoiadores de Bolsonaro há dúvidas sobre a efetividade da retórica de Trump, que nas últimas semanas elevou o tom contra a Justiça brasileira.

No início de julho, Trump classificou os processos contra Bolsonaro como uma "caça às bruxas". Poucos dias depois, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, citando os processos judiciais do aliado como uma das justificativas para a medida.

Apesar da retaliação econômica, 67% dos entrevistados que se identificam como petistas e 80% dos que se dizem de esquerda consideram que a tarifa não ajudará Bolsonaro a recuperar seus direitos políticos. Já entre os bolsonaristas, 52% acham que a ação do ex-presidente americano poderá favorecer o político brasileiro.

Jair Bolsonaro acumula duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Em julho de 2022, ele promoveu uma reunião com embaixadores para atacar o sistema eleitoral brasileiro — sem apresentar provas. Essa foi a base da primeira decisão que o tornou inelegível.

A segunda pena foi determinada em outubro do mesmo ano, quando o TSE entendeu que Bolsonaro utilizou o feriado do Dia da Independência, em 7 de setembro, como palanque eleitoral. A Corte considerou que ele misturou atos cívicos com campanha política, o que configuraria uso indevido da máquina pública.

Com base nessas decisões, Bolsonaro está impedido de disputar eleições até 2030. Ainda que algumas sentenças tenham sido anuladas, como uma terceira decisão revogada pelo ministro Raul Araújo, a inelegibilidade se mantém inalterada.

Além da inelegibilidade, Bolsonaro também responde a processo criminal no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é acusado de ser o articulador de uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro usou sua posição para minar a confiança nas instituições e planejar uma ruptura democrática. Em parecer assinado pelo procurador Paulo Gonet, o ex-presidente é apontado como “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado Democrático de Direito”.

A defesa de Bolsonaro nega todas as acusações. O processo está na fase final, aguardando a apresentação das alegações da defesa.

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