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INTERNACIONAL

Lula e Trump terão reunião sem censura com foco em tarifas e geopolítica

Encontro entre os presidentes acontece neste domingo na Malásia, e promete discussões francas sobre economia, STF e Venezuela

24 outubro 2025 - 12h45Felipe Frazão, enviado especial
Lula e Trump se reúnem neste domingo na Malásia para discutir tarifas, STF e crise na Venezuela
Lula e Trump se reúnem neste domingo na Malásia para discutir tarifas, STF e crise na Venezuela - Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (24), ao fim de sua visita oficial à Indonésia, que a aguardada reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrerá “sem assuntos vetados”. O encontro está marcado para este domingo (26), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, durante a cúpula asiática. A principal pauta será a taxação de produtos brasileiros pelo governo norte-americano.

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"Vai ser uma reunião livre em que a gente vai poder dizer o que quiser, como quiser, e vai ouvir o que quiser e não quiser também", afirmou Lula. "Estou convencido de que vai ser boa para eles e para o Brasil essa reunião. Vamos voltar à nossa normalidade."

Tarifas, STF e relações internacionais estarão na mesa - O presidente brasileiro deixou claro que vai questionar o tarifaço imposto pelos EUA ao Brasil, medida que, segundo ele, não tem justificativa econômica. Lula também pretende levantar a questão das sanções a autoridades brasileiras, como ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), incluídos em listas como a Lei Magnitsky, que permite restrições a estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos.

"O Brasil tem interesse em colocar a verdade na mesa", disse Lula. "Os Estados Unidos não são deficitários em relação ao Brasil, portanto não há explicação para a taxação. E tampouco há razão para a punição de ministros nossos que apenas cumprem a Constituição do meu país."

O petista acrescentou que políticas de tributação são uma prerrogativa brasileira, do Congresso Nacional, e não caberia ao governo norte-americano interferir ou impor medidas unilaterais sem diálogo.

Um dos pontos mais sensíveis do encontro deve ser a atuação recente do governo Trump no Mar do Caribe. As Forças Armadas norte-americanas têm realizado operações na região com o objetivo de combater o narcotráfico na Venezuela. Para Lula, a ação soa como uma ameaça de intervenção militar e fere a soberania da América do Sul.

O presidente brasileiro criticou a retórica de Trump, que comparou narcotraficantes a grupos terroristas como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico. “Você não fala que vai matar as pessoas, tem que prender, julgar e punir de acordo com a lei”, disse Lula. “É o mínimo que se espera de um chefe de Estado.”

Segundo ele, a soberania dos países e o princípio da autodeterminação dos povos devem ser respeitados. Lula propõe que, em vez de enviar tropas, os EUA cooperem com as polícias e Ministérios da Justiça locais.

"Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro. Onde fica o respeito à soberania?", questionou.

'Usuário também é responsável', diz Lula - O presidente brasileiro também abordou o tema do consumo de drogas e sua relação com o narcotráfico. Para ele, a política antidrogas precisa começar internamente, com o enfrentamento da dependência química dentro dos próprios países.

"Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil combater os nossos viciados internamente", afirmou. "Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também."

Lula defende que a raiz do problema está na demanda por drogas e que só será possível enfrentar o tráfico com uma abordagem mais integrada, voltada tanto à repressão como à prevenção e tratamento dos dependentes.

O encontro entre Lula e Trump marcará uma rara oportunidade de diálogo direto entre os dois líderes, cujos estilos políticos e visões de mundo frequentemente colidem. O petista demonstrou disposição para abordar todos os temas, mesmo os mais sensíveis, desde que haja abertura mútua.

“Se ele colocar o tema na mesa, nós vamos discutir. Eu não fujo de debate”, declarou o presidente.

O tom adotado por Lula indica que o governo brasileiro busca restaurar pontes com os Estados Unidos, mas sem abrir mão de suas posições históricas sobre soberania, cooperação internacional e multilateralismo. A expectativa é que a reunião defina os rumos do relacionamento entre os dois países nos próximos meses.

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