
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por videoconferência nesta segunda-feira (6), em um diálogo de 30 minutos que sinaliza uma possível reaproximação entre os dois países. Na pauta, Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros, além do fim de medidas restritivas contra autoridades do Brasil.

A ligação, segundo o Planalto, foi iniciativa de Trump e ocorreu em tom amistoso. Os dois líderes relembraram a "boa química" durante a última Assembleia Geral da ONU, em Nova York, e trocaram números de telefone para estabelecer um canal direto de comunicação. “O contato representa uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”, disse Lula durante a videoconferência.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou a conversa como “positiva do ponto de vista econômico”, sinalizando expectativas favoráveis no campo comercial. Lula reforçou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os EUA mantêm superávit na balança de bens e serviços — argumento usado para pressionar pela retirada das barreiras comerciais.
Negociações seguirão com chanceleres e ministros
Para dar continuidade às tratativas, Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para liderar as negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O gesto é visto como um sinal de que há abertura por parte dos norte-americanos para revisar as políticas comerciais recentes, que afetaram diretamente as exportações brasileiras, especialmente no setor de alimentos.
Desde o início do chamado "tarifaço", que impôs aumentos significativos sobre produtos estrangeiros, o Brasil viu suas exportações de alimentos para os EUA caírem de forma consistente. Políticas públicas internas e a diversificação de mercados ajudaram a amenizar os efeitos, mas o setor produtivo ainda cobra ações mais incisivas do governo brasileiro.
Encontro presencial à vista
Durante a conversa, os dois presidentes também manifestaram interesse em se reunir pessoalmente. Lula sugeriu que o encontro ocorra durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, e reiterou o convite a Trump para participar da COP30, em Belém, no Pará. O presidente brasileiro também se colocou à disposição para viajar aos Estados Unidos, caso haja interesse mútuo.
A sinalização de um novo capítulo nas relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos acontece num momento delicado, com desafios no comércio internacional e tensões geopolíticas. Caso as negociações avancem, o fim da sobretaxa pode representar alívio para setores importantes da economia brasileira e uma retomada de confiança entre os dois países.
