
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta quarta-feira (13) como “um debate político com teor ideológico” a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros. Em discurso no Palácio do Planalto durante a apresentação da Medida Provisória Brasil Soberano, o petista afirmou que o Brasil vai continuar buscando o diálogo e evitar medidas de reciprocidade por ora.

“A gente vai continuar teimando em negociação porque nós gostamos de negociar e não queremos conflito. Eu não quero conflito nem com o Uruguai, nem com a Venezuela e muito menos com os Estados Unidos”, afirmou o presidente.
Segundo Lula, os norte-americanos “não querem negociar”, mas o Brasil vai manter a tentativa de aproximação. “Sabemos brigar, mas preferimos negociar”, acrescentou, elogiando sua equipe de negociadores.
O presidente também indicou que o governo brasileiro vai buscar novos mercados para compensar as perdas nas exportações e adiantou que pretende convocar uma reunião virtual com os países do Brics — grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — para discutir a conjuntura internacional e os impactos das tarifas norte-americanas.
“É importante dizer que a gente não deve ficar apavorado, nervoso e muito excitado quando vem uma crise. A crise existe para a gente criar novas coisas. A humanidade criou grandes soluções em momentos de crise.”
Lula reiterou que a elevação das tarifas por parte do governo Trump não tem base econômica e reflete interesses políticos internos dos EUA.
Plano Brasil Soberano - Durante o evento, o governo lançou oficialmente a Medida Provisória Brasil Soberano, que libera R$ 30 bilhões em crédito para empresas exportadoras afetadas pelas tarifas norte-americanas. Além da linha emergencial de crédito, o plano inclui:
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Compras governamentais de produtos afetados;
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Compensações fiscais para entes subnacionais;
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Abertura de novos mercados externos;
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Restituição de 6% para micro e pequenas empresas exportadoras e de 3% para as demais;
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Exigência de conteúdo nacional mínimo em cadeias produtivas.
Segundo o governo, a MP entra em vigor de forma imediata, mas precisará ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias para não perder validade.
