
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu, na noite desta terça-feira (14), no Palácio da Alvorada, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar de um tema sensível e estratégico: a sucessão do ministro Luís Roberto Barroso, que antecipou sua aposentadoria da Corte. O encontro, reservado, teve como foco a construção de consenso sobre o nome que ocupará a nova vaga.

O favorito de Lula é Jorge Messias, atual advogado-geral da União. Já parte dos ministros presentes, entre eles Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Flávio Dino, defendem outra indicação: o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado até fevereiro deste ano.
Também participaram da conversa o ministro Cristiano Zanin, nomeado por Lula ao STF em 2023, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A movimentação sinaliza que o presidente deseja encaminhar a indicação com rapidez, sem repetir os longos períodos de indefinição que marcaram escolhas anteriores.
No governo, Jorge Messias é considerado um nome maduro e confiável. Evangélico e frequentador da Igreja Batista, tem sido peça-chave na aproximação do Planalto com lideranças religiosas. A boa interlocução com setores diversos da sociedade e a atuação discreta à frente da AGU são vistos como pontos positivos por Lula, que já indicou preferir um perfil técnico e alinhado às pautas do Executivo.
Além disso, ao nomear Messias, o presidente sinalizaria continuidade e fidelidade institucional, uma vez que o ministro atua diretamente na defesa jurídica do governo e tem longa trajetória dentro da administração pública federal.
Apesar da resistência de parte da Corte à indicação de Messias, Lula não deve ceder à pressão por Pacheco. O senador mineiro tem o apoio de Gilmar Mendes e Flávio Dino, mas o presidente tem planos eleitorais para ele: quer que o parlamentar seja o candidato do campo lulista ao governo de Minas Gerais em 2026, onde o PT não tem nome competitivo até o momento.
Minas é considerado um estado estratégico para as pretensões de Lula, por ser o segundo maior colégio eleitoral do país. Manter Pacheco no jogo político regional pode ser mais vantajoso do que indicá-lo ao STF.
Seja qual for o nome escolhido, o indicado precisará ser aprovado em sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e, em seguida, pelo plenário da Casa. A relação entre Lula e o Senado tem sido de cauteloso equilíbrio, o que reforça a necessidade de uma escolha bem calculada para evitar desgaste político.
Nos bastidores, a pressa do presidente também se justifica pelo desejo de consolidar sua influência no Judiciário em um momento de tensão institucional e decisões relevantes prestes a serem tomadas na Corte.
