O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu neste sábado (25), em Kuala Lumpur, capital da Malásia, o título de Doutor Honoris Causa em Desenvolvimento Internacional e Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia (UKM). A homenagem reconhece sua trajetória política e seu papel em favor da inclusão social, do combate à fome e da cooperação internacional.
“Recebo o título com profunda emoção e sincera gratidão. Este diploma não é do Lula — é de 215 milhões de brasileiros”, declarou o presidente, emocionado, segundo nota do Palácio do Planalto.
A cerimônia de outorga foi presidida pelo sultão de Negeri Sembilan e reitor da universidade, Tuanku Muhriz, e contou com a presença de autoridades locais, professores e estudantes. O vice-reitor da UKM, professor Sufian Jusoh, afirmou que o título representa o reconhecimento internacional do legado de Lula, destacando sua contribuição para o acesso à educação e o combate à desigualdade.
Durante o discurso, Lula ressaltou que a homenagem reafirma sua crença na educação como motor da emancipação social. “Tenho orgulho de ser o presidente que mais criou instituições de ensino técnico e superior, mesmo sem ter diploma universitário. E que abriu as portas das universidades aos filhos das classes trabalhadoras”, afirmou.
O presidente defendeu que a política deve ser um instrumento de transformação social e destacou a importância da ciência e do conhecimento para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Lula também reforçou a disposição do Brasil em ampliar parcerias e intercâmbios acadêmicos e científicos com a Malásia e outros países do Sul Global.
“Que o português do Brasil possa ser ouvido nos corredores da Universidade Nacional da Malásia. E que mais professores, pesquisadores e estudantes malásios possam vivenciar as instituições de ensino brasileiras”, disse.
Ao mencionar a trajetória da Malásia, Lula elogiou as políticas de combate à pobreza e defendeu maior protagonismo dos países do Sul Global na construção de uma nova ordem internacional baseada na cooperação e no diálogo.
O presidente também voltou a criticar a estrutura desigual do Fundo Monetário Internacional (FMI), classificando como “inaceitável” o fato de países ricos terem nove vezes mais poder de voto que as nações em desenvolvimento.
“Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015 — valor que supera o PIB da ASEAN e do Brasil somados”, afirmou Lula.
Em sua fala, o presidente também alertou para a urgência das mudanças climáticas e os riscos sociais do modelo econômico atual. “A busca por lucros ilimitados faz muitos esquecerem de cuidar do planeta. As mudanças climáticas podem levar até 132 milhões de pessoas à extrema pobreza até 2030”, destacou.
Lula afirmou que a COP30, que será realizada em Belém (PA) em novembro, será a “COP da verdade”, voltada à ação concreta e baseada na ciência. “Será o momento de superar a ganância extrativista e agir com responsabilidade. Não há mais tempo a perder”, disse.
Antes da cerimônia, Lula se reuniu com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, em Putrajaya, sede do governo e residência oficial do premiê. O encontro reforçou o diálogo político e econômico entre os países, com destaque para tecnologia, energia e comércio.
Atualmente, o intercâmbio comercial entre Brasil e Malásia soma US$ 487,2 milhões — sendo US$ 346,4 milhões em exportações brasileiras e US$ 140,9 milhões em importações, segundo dados do Planalto.
