
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta sexta-feira (22) da 5ª Cúpula da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca), em Bogotá, na Colômbia, com o objetivo de fortalecer a articulação entre os países da região e ampliar o engajamento conjunto rumo à COP30. Prevista para novembro de 2025, a conferência do clima da ONU será realizada pela primeira vez na Amazônia, na cidade de Belém (PA).

A presença de Lula no encontro marca uma ofensiva diplomática brasileira para mobilizar os países que compartilham a floresta amazônica em torno de compromissos ambientais mais ambiciosos. O presidente busca apoio para a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forests Forever Fund – TFFF), que será lançado na COP30 com o objetivo de captar até US$ 125 bilhões para financiar a preservação de florestas tropicais em cerca de 70 países.
O fundo deve funcionar como um mecanismo de financiamento contínuo para ações de combate ao desmatamento, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável em regiões estratégicas para o equilíbrio climático do planeta.
A programação da cúpula começa às 9h30 (horário local), com um encontro entre chefes de Estado, representantes diplomáticos e líderes da sociedade civil e de comunidades indígenas. O modelo de diálogo aberto repete a fórmula adotada na última reunião da Otca, realizada em Belém em 2023, e reforça a importância da escuta ativa na formulação de políticas ambientais.
As atividades serão realizadas na Casa de Nariño, sede da Presidência da Colômbia, na Plaza de Armas, no centro histórico de Bogotá. Apenas dois presidentes confirmaram presença: Lula e Gustavo Petro, anfitrião da cúpula. Os demais países enviarão ministros das Relações Exteriores ou representantes oficiais.
Além de buscar apoio político para o fundo internacional, o governo brasileiro pretende aprovar uma declaração conjunta em defesa do TFFF e a adoção da chamada Carta de Bogotá. O documento reafirma compromissos regionais com a preservação da Amazônia e estabelece metas comuns nas áreas de combate ao desmatamento, financiamento climático, transição energética, proteção dos povos indígenas e estímulo à bioeconomia.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a expectativa é que o encontro fortaleça a imagem da Amazônia como um território estratégico para o enfrentamento da crise climática e posicione a região como protagonista nas discussões globais sobre meio ambiente.
O evento em Bogotá também serve como uma espécie de preparação diplomática para a COP30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém. Esta será a primeira vez que a conferência climática das Nações Unidas será realizada em território amazônico.
A realização da COP30 em Belém é uma vitória política e diplomática do governo Lula, que já anunciou o evento como uma oportunidade histórica para o Brasil mostrar liderança ambiental e atrair investimentos internacionais para a proteção das florestas.
A escolha de uma capital amazônica para sediar a COP responde à pressão global por mais representatividade de países em desenvolvimento e reforça a conexão entre justiça climática, preservação dos biomas e combate às desigualdades sociais.
A comitiva brasileira em Bogotá inclui ministros diretamente ligados à pauta climática e socioambiental: Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30.
A presença desses nomes reforça a estratégia de diplomacia ambiental adotada por Lula desde o início de seu terceiro mandato, com forte aposta no protagonismo internacional do Brasil em temas como sustentabilidade, clima e justiça ambiental.
Ao final das atividades da cúpula, Lula deve conceder uma declaração à imprensa ainda em Bogotá. A expectativa é que o presidente destaque os avanços das conversas regionais e a importância da unidade amazônica diante dos desafios globais, especialmente no contexto da COP30.
O esforço brasileiro em liderar a agenda climática na América do Sul é visto como um movimento estratégico para garantir maior poder de barganha nas negociações multilaterais e consolidar o país como interlocutor-chave nas decisões sobre o futuro ambiental do planeta.
