
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma intensa agenda diplomática nos dias 23 e 24 de setembro, durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Além de realizar o tradicional discurso de abertura da sessão — papel reservado ao Brasil desde 1947 —, Lula participará de reuniões de alto nível sobre a questão palestina, a defesa da democracia e o enfrentamento à crise climática.

As atividades fazem parte da preparação para a COP30, que acontecerá em novembro deste ano em Belém (PA). Segundo o Itamaraty, a participação brasileira na Assembleia da ONU reforça uma diplomacia ativa em temas estratégicos, como paz, multilateralismo e desenvolvimento sustentável.
Palestina: solução de dois Estados ganha espaço
Lula estará presente na 2ª sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina, organizada por França e Arábia Saudita. O encontro tem como objetivo buscar alternativas diplomáticas para a crise no Oriente Médio, com foco na implementação da solução de dois Estados.
“Uma paz sustentável só poderá ser alcançada se ambas as partes puderem negociar em igualdade de condições, o que inclui a capacidade estatal da Palestina”, afirmou Marcelo Marotta Viegas, diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty.
A expectativa do governo brasileiro é que o encontro incentive mais países a reconhecerem oficialmente a Palestina como Estado soberano. Até o momento, 147 nações já formalizaram esse reconhecimento, incluindo o Brasil.
Democracia e combate ao extremismo
Na terça-feira (24), o presidente brasileiro também participa da 2ª edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, ao lado dos presidentes Gabriel Boric (Chile) e Pedro Sánchez (Espanha). O fórum reunirá líderes de mais de 30 países para discutir ameaças às instituições democráticas e promover estratégias contra a desinformação e o discurso de ódio.
“O encontro será ocasião para reafirmar compromissos com a democracia, o multilateralismo e o Estado de Direito”, disse Marcelo Marotta.
O primeiro encontro foi realizado em julho, no Chile, com a assinatura de uma declaração conjunta. A ideia é avançar em uma diplomacia coordenada para proteger a integridade democrática global.
Clima: mobilização para a COP30 e financiamento florestal
Também no dia 24, Lula co-presidirá com o secretário-geral da ONU, António Guterres, uma reunião sobre crise climática. A pauta é incentivar os países a apresentarem suas novas metas climáticas (NDCs) antes da COP30. Segundo o Itamaraty, apenas 29 países já registraram suas metas até agora.
Além disso, o Brasil irá promover um evento sobre a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que será lançado oficialmente em Belém, com foco no financiamento à preservação das florestas tropicais.
O presidente também deve participar de reuniões do Centro Global de Adaptação, liderado pelo ex-presidente do Senegal, Macky Sall, com foco na adaptação climática na África e em países em desenvolvimento.
Semana do Clima de Nova York
A delegação brasileira também marcará presença na Semana do Clima de Nova York, que começa em 22 de setembro e ocorre em paralelo à Assembleia Geral. O evento reúne mais de 500 atividades com governos, sociedade civil e setor privado, e é considerado um aquecimento para a COP30.
“É um espaço de mobilização, apresentação de soluções e articulação global”, afirmou Mário Gustavo Mottin, chefe da Divisão de Ação Climática do MRE.
