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Lula diz que Brasil defenderá moeda alternativa e critica tarifas dos EUA como retaliação política

Presidente afirma que país não será submisso e quer negociar com os Estados Unidos em pé de igualdade

3 agosto 2025 - 15h45
Lula discursa ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em Osasco, na Grande SP, e fala sobre negociações do Brasil contra o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao país.
Lula discursa ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) em Osasco, na Grande SP, e fala sobre negociações do Brasil contra o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao país. - Foto: Ricardo Stuckert/PR/Divulgação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (3), em discurso durante convenção do Partido dos Trabalhadores (PT), em Brasília, que o Brasil não abrirá mão de buscar uma moeda alternativa ao dólar nas transações internacionais. A fala ocorre após o governo dos Estados Unidos anunciar um tarifaço de 50% sobre cerca de 36% das exportações brasileiras.

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“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, afirmou o presidente.

Tarifas ligadas à política, dizem analistas

Embora o governo norte-americano não tenha citado formalmente a substituição do dólar como justificativa para as novas tarifas, analistas avaliam que a proposta discutida no Brics para criar uma moeda própria está entre os fatores que motivaram a retaliação do governo Trump. Durante a cúpula do bloco, realizada entre 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, o ex-presidente dos EUA fez críticas ao Brics e ameaçou punir países que tentassem enfraquecer o dólar no comércio global.

Para Lula, usar motivos políticos para justificar medidas econômicas é inaceitável. “Os Estados Unidos são muito grandes, é o país mais bélico, mais tecnológico e com a maior economia do mundo. Mas nós queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Temos interesses estratégicos e não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável”, afirmou.

O presidente também lembrou que as críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe têm sido usadas como argumento por Trump para justificar o tarifaço contra o Brasil.

Brasil quer respeito e igualdade nas relações

Lula ressaltou que o Brasil não deseja confronto, mas exige que as negociações sejam feitas com respeito e em condições equilibradas. “A gente está muito mais tranquilo do ponto de vista econômico. Mas, obviamente, não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos”, disse.

Apesar de reconhecer o peso geopolítico norte-americano, Lula destacou que o Brasil não depende mais exclusivamente do mercado americano. “Hoje temos uma relação comercial muito ampla no mundo inteiro”, completou.

Governo quer proteger empresas afetadas

O presidente afirmou ainda que o governo está pronto para proteger os setores atingidos pelas tarifas e manterá diálogo com os EUA. Segundo Lula, propostas já foram apresentadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira.

“Vamos dizer o seguinte: quando quiser negociar, as propostas estão na mesa. Aliás, já foram apresentadas”, reforçou.

Negociações em curso

A Secretaria do Tesouro dos EUA já entrou em contato com o Ministério da Fazenda para iniciar negociações. Segundo o ministro Fernando Haddad, o governo brasileiro deve anunciar, nos próximos dias, um pacote de medidas emergenciais, incluindo linhas de crédito específicas para empresas afetadas pelas tarifas.

O presidente Donald Trump também declarou estar disposto a conversar diretamente com Lula, acenando para uma possível reaproximação após semanas de tensões diplomáticas.

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