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CENÁRIO POLITICO

Lula diz que não governa com mágoa da Lava Jato e critica oposição por 'trair o povo'

Presidente fala sobre sua prisão, eleições de 2026, veto a aumento de deputados e cobra mais presença do PT no Congresso

3 agosto 2025 - 16h05Cícero Cotrim, Willian Miron e Gustavo Nicoletta
Lula diz que não governa com mágoa da Lava Jato e critica oposição por 'trair o povo' com apoio a tarifas dos EUA.
Lula diz que não governa com mágoa da Lava Jato e critica oposição por 'trair o povo' com apoio a tarifas dos EUA. - (Foto: WILTON JUNIOR)

Durante discurso no 17º Encontro Nacional do PT, neste domingo (3), em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não esqueceu o que viveu durante a Operação Lava Jato, mas que não governa com base em ressentimentos. Segundo ele, apesar dos 580 dias de prisão em Curitiba, seu foco é o povo, e não a vingança.

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“Eu não esqueci o que aconteceu comigo na Lava Jato, mas eu não posso voltar para governar com o coração magoado, com ódio, tentando me vingar de ninguém. Eu fui eleito para governar para esse povo”, disse o presidente, em uma de suas falas mais emocionadas durante o evento.

Eleições 2026 e saúde como pré-condição

Lula também falou abertamente sobre as eleições de 2026, indicando que só será candidato caso esteja com 100% de saúde. Fez referência à situação do presidente norte-americano Joe Biden, que acabou substituído por sua vice Kamala Harris após demonstrar fragilidade durante a campanha.

“Não serei candidato só para sair na foto. Serei candidato para ganhar. E quero que meus adversários saibam disso”, declarou.

Críticas à oposição e a Eduardo Bolsonaro

O presidente acusou a oposição de “trair o povo brasileiro”, mencionando diretamente o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que viajou aos Estados Unidos para defender que o governo norte-americano tarifasse produtos brasileiros.

“Como pode alguém que se diz patriota ir para outro país pedir sanção contra seu próprio povo?”, questionou Lula, ao afirmar que pretende resgatar os símbolos nacionais, como a bandeira do Brasil e a camisa da seleção, hoje associados ao bolsonarismo.

Defesa do Congresso mais representativo

Lula também abordou a composição do Congresso Nacional e disse que o PT precisa ampliar sua bancada para conseguir aprovar projetos com mais autonomia. Nas eleições de 2022, o partido elegeu apenas 70 dos 513 deputados federais.

“Se o PT fosse tão bom quanto a gente pensa que é, teria feito pelo menos 140 deputados. Se depender só de nós, não aprovamos nada. Quando mando uma medida provisória, já sei quantos votos tenho”, afirmou, em um recado direto à base petista.

Apesar da composição adversa, o presidente comemorou a aprovação da reforma tributária durante seu governo, uma das principais bandeiras econômicas da atual gestão.

Veto ao aumento de deputados

Lula também revelou o motivo de ter vetado o projeto que aumentaria o número de deputados na Câmara. Segundo ele, essa não é uma prioridade para o Brasil neste momento.

“O País tem outras necessidades mais urgentes. Ampliar o número de parlamentares não é o que o povo está esperando agora”, resumiu.

Presença de figuras históricas do PT

Logo no início do discurso, Lula mencionou a presença de Delúbio Soares e José Dirceu, ex-dirigentes petistas envolvidos no escândalo do Mensalão e investigados na Lava Jato. Ambos foram absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Lula mencionou a controversa “teoria do domínio do fato” que sustentou parte das condenações: “Ninguém esqueceu essa teoria. A gente só não fala disso”, ironizou.

Autocrítica e papel do PT nas eleições

Por fim, o presidente reconheceu que o PT precisa fazer autocrítica e reparar os erros do passado para não repeti-los. Ele lembrou que o partido sempre aparece entre os dois mais votados nas eleições presidenciais desde a redemocratização e reforçou que é hora de reconstruir a conexão com a base social do país.

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