O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, a advogada Verônica Abdalla Sterman para ocupar uma cadeira no Superior Tribunal Militar (STM). Se aprovada pelo Senado, ela será a segunda mulher na história do tribunal, ao lado da ministra Maria Elizabeth Rocha, que assumirá a presidência da Corte nesta quarta-feira (12).
A nomeação de Verônica Sterman ocorre em meio a uma pressão pública para que Lula ampliasse a participação feminina nos tribunais superiores. O próprio presidente mencionou essa questão ao lado da advogada: "Eu tenho certeza de que você e a Maria Elizabeth vão mudar a história do STM. Um STM que tenha a compreensão do que é crime militar e do que é crime comum", disse Lula em vídeo divulgado nas redes sociais.
A nova indicação preenche a vaga que será deixada pelo ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente do STM, que se aposentará em abril. Para assumir o cargo, a advogada ainda precisa passar por sabatina e aprovação do Senado.
Perfil e histórico da nova indicada - Verônica Sterman tem 40 anos, é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e tem mestrado em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP). Sócia do escritório Abdalla Sterman Advogados, ela já atuou na defesa de nomes ligados ao governo petista, como Gleisi Hoffmann, atual ministra da Secretaria de Relações Institucionais, e seu ex-marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, em processos da Operação Lava Jato.
A indicação da advogada tem o apoio da própria Gleisi e da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Após a divulgação da nomeação, a ministra comemorou nas redes sociais: "Parabéns Verônica! Parabéns presidente", escreveu Gleisi no Instagram.
A pressão por uma indicação feminina - Desde a aposentadoria de Coêlho Ferreira, havia uma forte mobilização para que Lula escolhesse uma mulher para a vaga. A ministra Maria Elizabeth Rocha, que será a primeira presidente mulher do STM, chegou a fazer um apelo público para que o presidente garantisse uma colega feminina na Corte.
"Estou aqui clamando ao presidente para que eu tenha uma companheira que possa, junto comigo, defender as questões de gênero", declarou Maria Elizabeth em entrevista à CNN Brasil no início de março.
Atualmente, o STM é composto por 15 ministros, dos quais 10 são militares e cinco vêm da advocacia e do Ministério Público Militar. Criado em 1808, o tribunal só teve uma ministra em sua história até hoje: a própria Maria Elizabeth Rocha, indicada por Lula em 2007.
Uma segunda chance para Verônica - A nomeação para o STM marca um segundo momento de Verônica Sterman na lista de indicações de Lula. Em agosto do ano passado, ela foi cotada para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), mas acabou preterida pelo presidente, que escolheu Marcos Moreira, apadrinhado do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
A escolha de Lula para o STM também responde a críticas que ele vinha recebendo por priorizar homens em suas nomeações para tribunais superiores. Durante seu terceiro mandato, o presidente indicou Cristiano Zanin e Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), além de outros nomes masculinos para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Agora, com a indicação de Verônica Sterman, Lula busca reforçar o discurso de maior presença feminina no Judiciário. Se confirmada pelo Senado, a advogada terá um papel fundamental na tentativa de reequilibrar uma instituição historicamente dominada por homens.
