
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (9) que seus governos, somados aos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), realizaram mais obras no Acre do que todos os presidentes da República desde 1988 e “até mais do que d. Pedro II”. A fala, no entanto, desconsidera que o estado só foi incorporado ao Brasil em 1903, já na vigência da República e 14 anos após a queda do monarca.

O Acre passou a fazer parte do território brasileiro com a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de 1903, durante o governo de Rodrigues Alves e após negociação conduzida pelo então chanceler Barão do Rio Branco. A Proclamação da República ocorreu em 15 de novembro de 1889, destituindo d. Pedro II, que morreu em 1891, dois anos antes do início das tratativas sobre a região.
Lula participou de evento em Rio Branco para anunciar cerca de R$ 1,1 bilhão em investimentos do governo federal em obras no estado. No discurso, defendeu que investir no Acre é “questão de inteligência”, argumentando que, “pelo Acre, o Pacífico está mais perto da China do que pelo Atlântico”.
O presidente também criticou a gestão de seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL). “Presidente não pensa, age ou acredita, ele faz ou não faz. As pessoas não se preocupam em governar para o povo brasileiro”, disse.
Lula questionou a execução de programas habitacionais e de geração de emprego durante o governo Bolsonaro: “Quantas casas foram feitas no governo passado? Cadê o emprego da carteira profissional verde e amarela? Cadê a minha casa verde e amarela? Este País passou quatro anos de mentiras, de instigação do ódio, de fake news, de um presidente que carregou nas costas e vai carregar metade dos mortos da covid.”
A referência a d. Pedro II causou estranhamento histórico. O monarca governou o Brasil de 1840 a 1889, período em que o Acre ainda pertencia à Bolívia. A incorporação da região só ocorreu após conflitos entre seringueiros brasileiros e autoridades bolivianas, resultando no acordo diplomático de 1903.
