
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (5) que não teme enfrentar nenhum adversário nas eleições de 2026. Apesar de não confirmar a candidatura, o petista, que completa 80 anos em outubro, declarou que só ficará fora da disputa caso enfrente problemas de saúde ou surja um nome mais forte dentro de seu campo político.

“Eu não escolho adversário. Sinceramente, eu já disputei tantas eleições, já disputei com tanta gente. Eu tenho uma trajetória política que quem deve estar preocupado são meus possíveis adversários”, afirmou.
Em agosto, Lula havia citado pela primeira vez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um provável concorrente. Na ocasião, considerou que o ex-ministro da Infraestrutura pode disputar o Planalto, e não apenas a reeleição no governo paulista. Agora, porém, evitou mencionar nomes e disse apenas que “a extrema direita não vai voltar a governar este país”.
Sem anunciar oficialmente que será candidato, Lula condicionou a decisão a seu estado físico. “Se eu estiver com a saúde que eu estou hoje, posso te dizer que não tenho dúvidas de que serei candidato à presidência da República”, declarou.
Comparação com Getúlio Vargas e defesa da CLT
Durante a entrevista, Lula comparou sua trajetória à de Getúlio Vargas, destacando que ambos foram responsáveis por políticas de inclusão social. Citou como exemplo a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, e defendeu que o marco legal não deve ser extinto, mas atualizado.
“O que você precisa não é acabar com a CLT, é reestruturá-la para adequá-la aos tempos de hoje. Tudo muda e precisa ser atualizado, mas acabar com a CLT é acabar com a maior segurança que o trabalhador já teve”, disse.
Segundo Lula, se empresários quiserem flexibilizar direitos, será necessário apostar em negociações coletivas. “Muitos não querem fazer isso”, afirmou.
Política externa
Ao ser questionado sobre as tensões recentes entre Estados Unidos e Venezuela, Lula descartou que o Brasil se alinhe a qualquer lado em caso de conflito.
“O Brasil vai ficar do lado que ele sempre esteve: do lado da paz. O país não tem contencioso internacional e entende que a guerra não leva a nada, só à matança e ao empobrecimento”, ressaltou.
Sobre a crise em Gaza, o presidente negou simpatia pelo Hamas e reiterou seu apoio à criação de um Estado palestino que conviva em harmonia com Israel.
“Se alguém diz que eu tenho simpatia pelo Hamas, é de uma ignorância e de uma má fé que não merecem crédito. Eu sou defensor do Estado Palestino e totalmente contra a ocupação de Israel na Faixa de Gaza”, afirmou.
Lula voltou a classificar a ofensiva israelense em Gaza como genocídio e disse esperar que a comunidade judaica brasileira também critique o governo de Benjamin Netanyahu. “Ele não está fazendo guerra contra o Hamas, está matando mulheres e crianças”, completou.
Relações com os EUA
O presidente também comentou sobre as tarifas comerciais impostas por Washington. Segundo ele, tem enfrentado dificuldades em avançar nas negociações com o governo norte-americano. “O diálogo tem encontrado resistência”, avaliou.
