
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta segunda-feira (5) a substituição da ministra das Mulheres. Sai Cida Gonçalves, sul-mato-grossense que ocupava o posto desde o início do atual governo, e entra Márcia Lopes, assistente social paranaense com longa trajetória no Partido dos Trabalhadores e no serviço público. A nova titular já tomou posse nesta manhã, em cerimônia no Palácio do Planalto.
A mudança, que já era aguardada nos bastidores, mantém a pasta sob controle do PT e representa um retorno de Márcia ao primeiro escalão do governo federal. Ela foi ministra do Desenvolvimento Social em 2010, no último ano do segundo mandato de Lula. Com a nova nomeação, o presidente reforça o perfil técnico e histórico do partido na condução de uma das pastas mais simbólicas de sua gestão.
Fim de ciclo para Cida Gonçalves - Cida Gonçalves deixa o ministério após dois anos e quatro meses no comando. Sua gestão foi marcada por forte apoio da primeira-dama Janja Lula da Silva, que esteve ao lado da ministra em diversas agendas públicas e buscou dar visibilidade às políticas da pasta.
Natural de Mato Grosso do Sul, Cida atuava no campo dos direitos das mulheres desde os anos 1980 e foi uma das principais articuladoras da retomada do Ministério das Mulheres, que havia sido fundido ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro.
A demissão foi confirmada oficialmente por meio de nota divulgada pelo Ministério das Mulheres, e acontece em meio a ajustes políticos internos dentro do governo federal.
Perfil da nova ministra - Márcia Lopes é formada em Serviço Social pela Universidade Estadual de Londrina, onde também atuou como professora, e tem mestrado na área pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Filiada ao PT, construiu sua carreira no Paraná, onde foi secretária de Assistência Social e vereadora em Londrina.
Entre 2004 e 2008, integrou o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), ocupando os cargos de secretária nacional de Assistência Social e secretária-executiva. Em 2010, assumiu o comando do ministério, sucedendo Patrus Ananias. Permaneceu na função até o fim do segundo governo Lula, deixando o cargo em dezembro daquele ano.
Além da atuação técnica e política, Márcia também tem vínculos familiares com a cúpula petista: ela é irmã de Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete da Presidência e figura histórica do partido.
Com a nomeação de Márcia Lopes, Lula sinaliza continuidade na linha ideológica do ministério e reforça a aposta em quadros tradicionais do PT. A expectativa é de que a nova ministra siga as diretrizes de enfrentamento à violência de gênero, promoção da equidade e participação feminina nos espaços de poder — marcas da gestão anterior.
A recriação do Ministério das Mulheres foi uma das promessas cumpridas por Lula ainda no início do terceiro mandato. A pasta foi reestabelecida com status ministerial, retomando seu protagonismo e estrutura independente, após ter sido diluída durante o governo anterior.
A nova titular terá como missão ampliar a efetividade das políticas públicas para mulheres, fortalecer os canais de denúncia e ampliar a articulação com estados e municípios. Outro desafio será dar visibilidade às ações do ministério em meio a uma agenda econômica e política carregada.

