
Durante uma série de reuniões com negociadores internacionais em Belém, nesta quarta-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender que os países construam um mapa do caminho para abandonar gradualmente os combustíveis fósseis. A proposta, segundo ele, não impõe prazos nem modelos únicos, mas estabelece um compromisso político claro com a transição energética.
Lula afirmou que cada nação deve definir seu próprio ritmo, conforme suas possibilidades. O objetivo, disse, é demonstrar à sociedade que há empenho real para avançar no tema. “Queremos mostrar que estamos levando isso a sério, mas sem impor nada a ninguém. Cada país sabe o que pode fazer e no seu tempo”, afirmou.
O presidente sustentou ter legitimidade para fazer o apelo por vir de um país produtor de petróleo. Ele lembrou que o Brasil extrai cerca de 5 milhões de barris por dia, mas possui uma matriz energética majoritariamente limpa, com forte uso de etanol e biodiesel.
Escalado para atuar diretamente nas negociações da COP30, Lula tenta destravar temas de interesse brasileiro, como a adaptação climática. Países em desenvolvimento, destacou, estão entre os que mais sofrem com eventos extremos e precisam de apoio financeiro. Nessa linha, voltou a cobrar que nações ricas, além de petroleiras e mineradoras, contribuam para custear medidas de mitigação e adaptação.
Ao longo do dia, o presidente conversou com representantes de países como Egito, Arábia Saudita, China, Índia, Venezuela, Alemanha, Portugal, além de delegações da União Europeia, países nórdicos, Pequenas Ilhas e Jamaica.
Em tom bem-humorado, Lula disse ter encerrado as reuniões “tão feliz” que acredita poder convencer até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a reconhecer a gravidade da crise climática — embora o americano não tenha participado da COP30 e tenha retirado o país do Acordo de Paris. “Um dia haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos de que a questão climática é séria e que o desenvolvimento verde é necessário”, disse.
Mesmo reforçando o respeito à soberania de cada nação, Lula afirmou que decisões consensuais são possíveis. “Não queremos impor nada. Queremos dizer: é possível. E, se é possível, vamos construir juntos”, concluiu.

