
Durante a abertura da segunda reunião ministerial de 2025, realizada nesta quarta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez duras críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e defendeu que o Congresso Nacional discuta sua cassação por atuar contra os interesses do Brasil no exterior.

Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, se licenciou do mandato por 122 dias em março e passou a residir nos Estados Unidos, sob a alegação de estar sofrendo perseguição política. Desde então, tem mantido interlocução com autoridades americanas, incluindo o ex-presidente Donald Trump, com o objetivo de promover sanções ao Brasil e a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Lula, o comportamento do deputado configura uma grave deslealdade com o país.
“Possivelmente, é uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus”, afirmou o presidente.
“Ele insufla com mentiras e hipocrisias outro Estado contra o Estado nacional do Brasil. Já deveria ter sido expulso da Câmara”, completou Lula, em um dos trechos mais duros de seu discurso.
Indiciamento por tentativa de golpe
A fala do presidente ocorre dias após a Polícia Federal indiciar Eduardo Bolsonaro e seu pai, Jair Bolsonaro, pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
A investigação concluiu que Eduardo atuou junto ao governo de Donald Trump para articular represálias políticas contra o Brasil, em especial contra autoridades do STF, como o ministro Alexandre de Moraes.
As mensagens obtidas pela PF demonstram que o parlamentar buscava influenciar a diplomacia americana a deslegitimar o atual governo brasileiro e a tratar o Judiciário do país como uma ameaça à liberdade. As ações de Eduardo foram consideradas, pelos investigadores, parte de um plano mais amplo de instabilidade institucional.
"Frente de batalha política", diz Lula
Ao reforçar que a resposta deve vir do Parlamento e não do Executivo, Lula afirmou que a questão é de natureza política.
“Vamos ter que fazer disso uma frente de batalha no campo da política, para que o Brasil seja respeitado”, declarou o presidente.
Nos bastidores, parlamentares da base governista já discutem a possibilidade de abrir processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que pode culminar na cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar.
Críticas à atuação fora do país
Lula também fez referência ao fato de Eduardo estar morando fora do Brasil durante o exercício do mandato, mantendo seu salário e benefícios como parlamentar.
“Não existe nada mais grave do que uma família inteira custear um filho que ataca o próprio país em nome de interesses pessoais ou ideológicos”, criticou.
A atuação internacional do deputado vem sendo vista como uma extensão das disputas internas que marcam o embate entre bolsonarismo e instituições democráticas desde o fim do mandato de Jair Bolsonaro.
