
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta terça-feira (9), o que chamou de “ameaças” à soberania nacional feitas por potências estrangeiras. Sem citar nomes, o petista fez referência indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que recentemente endureceu o discurso contra o Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF).

A declaração ocorreu em Manaus (AM), durante a inauguração do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, que reúne os nove Estados da Amazônia Legal e os nove países que compartilham o bioma. O evento contou com a presença do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e da vice-presidente do Equador, María José Pinto.
“Não precisamos de intervenções estrangeiras nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções”, afirmou Lula. “É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem no mesmo espaço físico em torno de um objetivo comum.”
Combate ao crime organizado
Lula também destacou a necessidade de enfrentar o crime organizado na região amazônica e no restante do país. Ele citou a operação recente realizada na Avenida Faria Lima, em São Paulo, considerada a maior da história contra a elite financeira de organizações criminosas.
“Não podemos permitir que moradores das periferias, povos indígenas e comunidades ribeirinhas tenham suas vidas marcadas pela violência, enquanto os grandes líderes criminosos seguem impunes. O governo está ao lado desse povo sofrido e mantém uma postura firme e decisiva contra o crime”, disse.
Contexto de tensão com os EUA
O discurso de Lula ocorre em meio ao aumento da pressão diplomática dos Estados Unidos sobre o Brasil. Desde a condenação de Jair Bolsonaro, o governo Trump tem adotado sanções contra autoridades brasileiras, sob o argumento de defesa da “liberdade de expressão”.
Nesta terça, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, reforçou que o republicano não hesitará em usar “o poder econômico e militar” dos EUA.
“O presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, declarou.
A retórica amplia o clima de atrito entre os dois países e reforça a linha adotada por Lula de defesa da soberania nacional e da busca de soluções regionais para desafios comuns.
