
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir nesta sexta-feira (19) com o ministro do Turismo, Celso Sabino, em meio à crise provocada pelo ultimato do União Brasil. O partido, ao qual Sabino é filiado, determinou que todos os seus integrantes com mandato deixem os cargos no governo federal em até 24 horas — sob risco de sanções internas.

A reunião, segundo fontes do Palácio do Planalto ouvidas pelo Estadão/Broadcast, está prevista para acontecer no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Embora ainda não conste nas agendas oficiais de Lula nem de Sabino, o encontro deve ocorrer após compromissos matinais do presidente com autoridades da União Europeia e com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo.
A pressão do União Brasil sobre seus filiados no Executivo escalou nesta quinta-feira (18), quando a legenda decidiu antecipar o prazo final para a saída dos quadros do governo. Originalmente, a federação União Progressista — formada por PP e União Brasil — havia concedido até 2 de outubro para o cumprimento da medida. Agora, o desligamento deve ser imediato.
Em nova resolução aprovada pelo partido, o União Brasil afirma que o não cumprimento da determinação poderá levar à abertura de processo disciplinar. Caso permaneça no cargo, o filiado poderá ser punido conforme prevê o estatuto da legenda.
Celso Sabino ocupa uma posição delicada: como ministro do Turismo, é um dos representantes do União Brasil no primeiro escalão do governo Lula, mas sua permanência no cargo agora contraria uma decisão oficial de seu partido.
A permanência ou não de Sabino no governo pode se tornar um ponto crítico na relação entre o Executivo e os partidos do chamado "centrão", especialmente em um momento em que o governo tenta recompor apoio no Congresso. Sabino, até o momento, não se manifestou publicamente sobre a orientação do partido nem sobre uma possível saída do ministério.
Desembarque do União pode impactar Esplanada
Com a ofensiva do União Brasil, outros ministros e ocupantes de cargos de confiança ligados ao partido também são pressionados a deixar seus postos. A movimentação é vista como parte de uma tentativa de reposicionamento da legenda no cenário político, com foco nas eleições municipais de 2024 e nas articulações para 2026.
O União Brasil tem buscado se distanciar do governo Lula nos últimos meses, mesmo com parte da legenda mantendo representantes em cargos federais. A exigência pela saída imediata reforça a estratégia de consolidar uma identidade de oposição ao atual governo.
Ainda não se sabe se Lula fará um esforço direto para manter Sabino no cargo ou se o governo aceitará o rompimento como definitivo. Nos bastidores, há a avaliação de que a permanência de aliados em ministérios sem o respaldo de suas legendas pode fragilizar a articulação política.
O desfecho da reunião desta sexta-feira será decisivo para os próximos movimentos do governo na Esplanada dos Ministérios — e pode abrir espaço para novas negociações com outras siglas de centro.
