
Deputados estaduais do PT e do PSOL na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) protocolaram na sexta-feira (24) duas novas representações pedindo a cassação do mandato do deputado Lucas Bove (PL). O parlamentar é denunciado por perseguição, violência psicológica, violência física e ameaça contra sua ex-mulher, a influenciadora digital Cíntia Chagas. Bove nega as acusações.
As novas representações foram apresentadas após o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciar o deputado formalmente. A promotora Fernanda Raspantini Pellegrino pediu à Justiça a prisão preventiva de Bove, alegando descumprimento reiterado de medidas protetivas concedidas à vítima.
“O pedido de prisão foi oferecido porque há indícios de que o parlamentar desrespeitou mais de uma vez as determinações judiciais que visam proteger Cíntia”, afirmou o MP em nota.
Conselho de Ética já havia arquivado caso - Em agosto, o Conselho de Ética da Alesp rejeitou uma primeira representação que poderia levar à cassação de Bove. Por 6 votos a 1, o processo foi arquivado sob a justificativa de “falta de elementos fáticos”. Agora, com o avanço das investigações do MP, os partidos de oposição decidiram reapresentar os pedidos.
A bancada do PT classificou como “gravíssimos” os fatos denunciados. “A denúncia indica agressões e violência proferida por um deputado estadual que, na condição de representante político-social, tem ainda mais elevado o dever de cumprir os desígnios legais”, afirma nota oficial da federação partidária.
Já a Bancada Feminista do PSOL relembrou episódios recentes de descontrole de Bove no plenário da Alesp, quando ele gritou contra deputadas e bateu violentamente na mesa, obrigando a presidência a interromper a sessão. “É inadmissível que um deputado que descumpre medidas protetivas e ameaça mulheres permaneça em mandato”, pontuou o PSOL.
Defesa do deputado critica exposição do caso - A defesa de Lucas Bove divulgou nota dizendo que recebeu “com enorme surpresa” a denúncia e o pedido de prisão preventiva, que considera “descabido”. Os advogados afirmam que não há requisitos legais para a adoção da medida e questionam o que chamam de “vazamento contínuo de informações” de um processo que corre sob sigilo judicial.
“Reiteradamente, a senhora Cíntia Chagas desrespeita a ordem judicial e faz comentários públicos sobre o processo. Isso compromete a lisura do andamento do caso”, afirma a nota assinada pelos representantes legais do deputado.
Os novos pedidos de cassação devem ser analisados novamente pelo Conselho de Ética da Alesp. Caso haja admissibilidade, o processo pode seguir para votação em plenário, onde precisa de maioria absoluta dos votos para que o mandato de Lucas Bove seja cassado.
