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27 de outubro de 2025 - 18h48
OPERAÇÃO SISAMNES

PF aponta esquema milionário de venda de sentenças com indícios de envolvimento de assessores no STJ

Operação Sisamnes revela mercado paralelo de influência em processos judiciais, com cifras milionárias, corrupção e menções a gabinetes de ministros

27 outubro 2025 - 15h00Rayssa Motta, Felipe de Paula e Fausto Macedo
Andreson Gonçalves e Roberto Zampieri, apontados pela PF como lobistas de sentenças; Zampieri foi assassinado em 2023
Andreson Gonçalves e Roberto Zampieri, apontados pela PF como lobistas de sentenças; Zampieri foi assassinado em 2023 - ( Foto: Polícia Federal)

A Polícia Federal revelou nesta segunda-feira (27) novos detalhes da Operação Sisamnes, que apura um esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo lobistas, advogados e servidores de tribunais superiores, com foco no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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As investigações identificaram diálogos e movimentações financeiras milionárias entre os principais envolvidos, como o advogado Roberto Zampieri — assassinado em dezembro de 2023 — e o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves. Em mensagens trocadas via WhatsApp, Zampieri sugere o pagamento de R$ 20 milhões para influenciar decisões "lá em cima", referência que a PF atribui ao STJ.

O relatório da PF, com 426 páginas, descreve um “mercado paralelo de influência”, onde contratos de advocacia seriam usados como fachada para negociar decisões judiciais. A investigação apura a atuação de assessores ligados aos gabinetes das ministras Isabel Gallotti e Nancy Andrighi, e do ministro Og Fernandes, embora os magistrados não sejam alvos diretos do inquérito.

Entre 2019 e 2023, Zampieri movimentou mais de R$ 12 milhões em saques em espécie e transferiu mais de R$ 7 milhões para empresas ligadas a Andreson. Há registros de compras de artigos de luxo, como relógios Rolex, e depósitos com cheques fracionados, prática comum em esquemas que tentam evitar o rastreamento bancário.

Três servidores já são formalmente investigados: Daimler Alberto de Campos (ex-assessor de Gallotti), Márcio José Toledo Pinto (também ligado ao gabinete da ministra) e Rodrigo Falcão (ex-chefe de gabinete de Og Fernandes). Eles são suspeitos de ajustar minutas, vazar informações e oferecer decisões judiciais em troca de propina.

Segundo a PF, o esquema operava com um modelo híbrido: de fora para dentro, com empresários e advogados buscando corromper agentes públicos; e de dentro para fora, com assessores oferecendo decisões favoráveis como produto de negociação.

A investigação também identificou a ligação financeira entre o grupo Fource Participações, que atuava no setor de recuperação judicial, e Zampieri. Só da Fource foram identificadas 43 transações com o advogado, somando R$ 14,5 milhões.

Por meio de suas assessorias, os ministros Og Fernandes, Isabel Gallotti e Nancy Andrighi afirmaram desconhecer os fatos e reiteraram a disposição de colaborar com as investigações. A defesa dos servidores citados ainda não se pronunciou.

A Operação Sisamnes, nomeada em alusão a um juiz persa corrompido na mitologia, é conduzida sob sigilo pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal.

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