A crise na saúde pública de Campo Grande voltou a ser tema na tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). O deputado Pedro Kemp (PT) fez um apelo aos governos estadual e municipal, afirmando que o sistema está à beira do colapso.
“Na segunda-feira, quase 100 pessoas estavam em leitos improvisados nos hospitais e UPAs que atendem pelo SUS. A rede está operando acima da capacidade, sem conseguir atender nem mesmo os casos de emergência. Precisamos de uma solução imediata, estamos vivendo um caos na saúde”, declarou o parlamentar.
Kemp destacou a situação da Santa Casa, hospital de referência do SUS, que registrou 58 pacientes na área verde, onde há apenas sete vagas disponíveis.“Na área vermelha, que comporta seis leitos, havia nove pacientes. A situação é grave e desesperadora. Recebemos ligações de pessoas que não sabem o que fazer. Uma paciente com câncer de mama teve a cirurgia suspensa — algo inaceitável”, relatou.
Segundo o deputado, o hospital segue atendendo normalmente os planos de saúde particulares, mas enfrenta dificuldades no atendimento pelo SUS, já que não estaria recebendo o valor contratualizado. “Os gestores explicam que, quando a Central de Regulação envia pacientes em situação de emergência, eles os colocam em macas para não deixar de atender, mas já estão muito além da capacidade. É urgente que a Secretaria de Saúde reúna os gestores e busque uma solução para evitar tragédias”, cobrou Kemp.
Problema afeta todo o Estado, diz Lidio Lopes - O deputado Lidio Lopes (Sem partido) reforçou o alerta e afirmou que a crise não se limita à Capital. Segundo ele, em reunião com 40 prefeitos, todos relataram dificuldades semelhantes. “Nenhum disse que a situação está boa. Após a pandemia de Covid-19, a demanda cresceu muito. Campo Grande está absorvendo pacientes de todo o Estado”, destacou.
Lidio lembrou que o número de cartões do SUS emitidos na Capital ultrapassa 1,5 milhão, embora o município tenha cerca de 1 milhão de habitantes. “Muitos pacientes do interior são encaminhados para cá e até utilizam medicamentos da rede municipal”, completou.
De acordo com o deputado, as sete UPAs e três UBSF de Campo Grande somam 220 leitos, e apenas no último fim de semana 39 pacientes eram do interior. “A Santa Casa é credenciada diretamente ao SUS, e os repasses estão em dia. Mas não há como ampliar os valores sem aumentar a oferta de serviços. O problema é que a rede vive permanentemente lotada”, concluiu.
