
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa na Penitenciária de Rebibbia, em Roma, enquanto aguarda o desfecho do processo de extradição para o Brasil. A decisão foi tomada nesta sexta-feira, 1º de agosto, pela Quarta Seção do Tribunal de Roma durante a audiência de custódia a que a parlamentar foi submetida.

Zambelli foi detida na última terça-feira, 29 de julho, por autoridades italianas, após permanecer foragida da Justiça brasileira e escondida em um endereço na capital italiana. A prisão ocorreu com base em um mandado de captura internacional, solicitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e reconhecido pelas autoridades locais.
A Corte italiana ainda deverá analisar um pedido de liberdade provisória apresentado pela defesa da parlamentar, mas a deliberação sobre esse pleito está prevista apenas para meados de agosto. Até lá, Zambelli seguirá detida no presídio romano, conhecido por abrigar detentos de perfil político e econômico mais elevado.
O processo de extradição de Carla Zambelli ganhou novos desdobramentos nesta quinta-feira, 31, quando o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) adote todas as medidas cabíveis para formalizar o pedido junto às autoridades italianas.
“Considerando a comunicação da prisão da ré condenada Carla Zambelli Salgado de Oliveira na República Italiana, oficie-se à Advocacia-Geral da União para que acompanhe e adote as providências cabíveis e necessárias relacionadas ao processo de extradição da ré”, escreveu Moraes em despacho oficial.
A decisão reforça a movimentação do governo brasileiro para garantir o retorno da parlamentar ao país, onde ela é alvo de investigação e responde a processos que tramitam sob sigilo no Supremo Tribunal Federal.
A trajetória de Carla Zambelli rumo à Itália começou após a intensificação das ações da Polícia Federal em processos que envolvem o chamado “núcleo político” da investigação sobre milícias digitais e tentativa de golpe. Com mandados de busca, quebra de sigilo e monitoramento eletrônico autorizados pela Justiça, a deputada licenciada optou por não retornar ao Brasil e passou a ser considerada foragida.
As autoridades italianas localizaram a parlamentar escondida em Roma, com apoio de uma rede de contatos locais ainda sob investigação. Sua prisão foi confirmada e comunicada formalmente ao governo brasileiro, que agora tem prazo para apresentar o pedido de extradição com a documentação exigida pela legislação italiana.
A prisão e o processo de extradição de Carla Zambelli provocaram forte repercussão no cenário político brasileiro, especialmente entre parlamentares da base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem Zambelli é uma das principais aliadas.
Aliados classificaram a prisão como “perseguição política”, enquanto parlamentares da oposição cobraram a responsabilização da deputada por atos que, segundo eles, atentam contra a democracia. Em nota, o PL, partido ao qual Zambelli é filiada, afirmou estar acompanhando o caso “com atenção” e aguardará os desdobramentos do processo.
Carla Zambelli, que está licenciada do cargo de deputada federal desde o início de julho, vem acumulando embates com o Judiciário e órgãos de investigação desde 2022. Ela foi denunciada por envolvimento em episódios de incitação ao crime, porte ilegal de arma e ataques a instituições, incluindo o próprio STF.
A deputada é uma das figuras centrais da ala bolsonarista investigada por articulações contra o Estado Democrático de Direito. Ela já foi alvo de operação da Polícia Federal, teve celulares apreendidos e, desde o início deste ano, estava com passaporte cancelado, além de estar proibida de usar redes sociais.
Mesmo sob medidas restritivas, Zambelli embarcou para a Europa e permaneceu em solo italiano até sua prisão nesta semana.
Com a prisão confirmada e o processo de extradição em andamento, o governo brasileiro deve apresentar, por meio da AGU, os documentos exigidos pela Justiça italiana para viabilizar o retorno de Carla Zambelli ao Brasil. O trâmite pode levar semanas ou até meses, a depender da complexidade do caso e da análise do tribunal romano.
A expectativa é de que a decisão sobre o pedido de liberdade provisória da deputada, apresentado por seus advogados na Itália, seja analisada a partir do dia 15 de agosto. Até lá, ela seguirá detida na Penitenciária de Rebibbia.
Caso o pedido de extradição seja aceito, Zambelli será trazida de volta ao Brasil para responder às acusações sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal.
