SEBRAE
HOMENAGEM

O gaúcho que ajudou a mudar a pecuária no Brasil

Veterinário Ivo Bianchin recebe medalha por atuação histórica na Embrapa e avanços no controle de parasitas em bovinos

19 agosto 2025 - 12h21Enrico Feitosa
Com a medalha no peito, Ivo Bianchin é aplaudido por sua trajetória de dedicação à pesquisa veterinária.
Com a medalha no peito, Ivo Bianchin é aplaudido por sua trajetória de dedicação à pesquisa veterinária. - (Foto: Izaias Medeiros)

Na noite da última segunda-feira (18 de agosto de 2025), a Câmara Municipal de Campo Grande prestou uma homenagem a pessoas que ajudaram a transformar a pecuária brasileira. Uma das medalhas entregues foi para Ivo Bianchin, médico-veterinário nascido em Sarandi, no Rio Grande do Sul, que dedicou mais de 40 anos ao trabalho com sanidade animal na Embrapa Gado de Corte. A medalha recebida por ele se chama “Afonso Nogueira Simões Corrêa” e reconhece quem prestou importantes serviços à agropecuária.

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Ivo Bianchin entrou para a Embrapa em 1975, quando a unidade de pesquisa em Campo Grande ainda estava no início. Desde então, ele participou de projetos que mudaram a forma como os pecuaristas cuidam da saúde dos bois. Seu principal trabalho foi no combate a parasitas que causam prejuízos aos rebanhos.

O homem do controle de vermes - Entre suas contribuições mais importantes está a criação de uma técnica chamada “5-7-9”. Esse nome se refere aos meses em que os vermes devem ser combatidos: maio, julho e setembro. Bianchin e sua equipe descobriram que, se o pecuarista fizer o controle dos parasitas nessas épocas, os bois ganham mais peso e ficam mais saudáveis. Essa técnica é usada até hoje em várias partes do Brasil e foi um marco no manejo dos animais.

Ivo Bianchin
Ivo Bianchin recebe a medalha, ladeado por Dr. Jamal e Antônio Rosa, da Embrapa Gado de Corte.

Besouro contra mosca - Outro trabalho importante feito por Bianchin foi a introdução no Brasil de um besouro africano chamado Onthophagus gazella. Esse inseto tem um papel essencial: ele enterra as fezes do gado no pasto, o que ajuda a reduzir a presença da mosca-dos-chifres (clique aqui e confira mais sobre o estudo). Essa mosca prejudica o bem-estar e o ganho de peso dos animais. O uso do besouro diminuiu a quantidade de moscas e ajudou os pecuaristas a dependerem menos de venenos, tornando o processo mais barato e seguro para o meio ambiente.

Pesquisa no Brasil e no exterior - Ivo Bianchin estudou muito para chegar onde chegou. Depois de se formar em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), fez mestrado e doutorado em Parasitologia Veterinária no Rio de Janeiro, além de uma especialização na Austrália. Lá, ele aprendeu técnicas de controle de pragas que depois trouxe para o Brasil. Sempre buscou aplicar no campo o que aprendeu na universidade e nos centros de pesquisa.

Na década de 1990, o médico-veterinário Ivo Bianchin já alertava sobre o uso incorreto de vermífugos.
Na década de 1990, o médico-veterinário Ivo Bianchin já alertava sobre o uso incorreto de vermífugos.
Clique aqui e confira na página 04 do Noticiário da TORTUGA

Raízes no sul e carreira em Campo Grande - Ivo Bianchin nasceu em 1950, na cidade de Sarandi, no interior do Rio Grande do Sul. Filho de Virginia Paier Bianchin e João Bianchin, cresceu em um ambiente rural, rodeado por pastagens e pelo cotidiano simples das pequenas cidades gaúchas. Em 1970, aos 20 anos, saiu de casa rumo a Santa Maria para cursar Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), uma das mais tradicionais do país. Lá, formou-se em 1973, e logo foi aprovado em concurso público para atuar na defesa sanitária animal em Santa Catarina.

Mas foi em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, que fincou raízes e construiu sua história. Chegou à cidade em 1975, ainda jovem, integrando a equipe pioneira da recém-instalada Embrapa Gado de Corte. Desde então, nunca mais saiu.

Ivo Bianchin ao lado da esposa, Vera Luzia Rabello Bianchin.
Ivo Bianchin ao lado da esposa, Vera Luzia Rabello Bianchin. (Foto: arquivo pessoal)

Em Campo Grande, além da carreira sólida como pesquisador, formou sua família: casou-se com Vera Luzia Rabello Bianchin, com quem teve dois filhos, Graziele e Daniel — hoje com 45 e 43 anos, respectivamente. O casal viu os filhos crescerem e também acompanhou a chegada dos quatro netos.

Na foto, ao lado do filho Daniel, da esposa Vera e da filha Graziele.
Na foto, ao lado do filho Daniel, da esposa Vera e da filha Graziele. (Foto: arquivo pessoal)

Desde então, nunca mais deixou a cidade. Testemunhou a transformação de Campo Grande em polo agropecuário e acompanhou, da primeira fileira, o crescimento da Embrapa Gado de Corte. Durante a carreira, participou de diversos projetos da Embrapa, escreveu artigos técnicos, esteve presente em dias de campo e ajudou a implantar soluções que melhoraram a produção de carne no Brasil. Ele é lembrado como um dos responsáveis por tornar o rebanho brasileiro mais produtivo e saudável.

Reconhecimento pelo que fez no campo - A Medalha entregue a Bianchin reconhece todo esse trabalho feito com seriedade, pesquisa e dedicação. O vereador Ronilço Guerreiro, que indicou o nome do veterinário para receber a homenagem, destacou sua importância para a pecuária de Mato Grosso do Sul e do país.

Ivo Bianchin
Ivo Bianchin é cumprimentado por Antônio do Nascimento Ferreira Rosa, chefe-geral da Embrapa Gado de Corte, durante a entrega da Medalha Legislativa.

Hoje, mesmo aposentado, Ivo continua sendo lembrado como uma referência. Seu trabalho ajudou milhares de produtores a cuidar melhor dos seus rebanhos. A história de Ivo Bianchin mostra como o esforço de uma vida inteira no campo pode transformar a realidade da produção rural no Brasil.

Assista ao momento em que o médico-veterinário Ivo Bianchin é homenageado durante a sessão solene que celebrou os 50 anos da Embrapa Gado de Corte.

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