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Hugo Motta retoma presidência da Câmara em meio a tensão e marca sessão para esta quinta

Após disputa por cadeiras com oposição bolsonarista, deputado do Republicanos-PB reassume controle do plenário e critica "pautas pessoais"

7 agosto 2025 - 10h05Pepita Ortega e Victor Ohana
O deputado Hugo Motta conseguiu retomar a cadeira da presidência da Câmara quase 2h depois do horário marcado para a sessão.
O deputado Hugo Motta conseguiu retomar a cadeira da presidência da Câmara quase 2h depois do horário marcado para a sessão. - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

Depois de dois dias de tensão e ocupação do plenário por deputados da oposição bolsonarista, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), reassumiu na noite desta quarta-feira (6) sua cadeira na Mesa Diretora da Casa. A sessão começou com quase duas horas de atraso, e o deputado teve dificuldade para atravessar o plenário, cercado por apoiadores e sob forte resistência da oposição.

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Pouco antes das 22h30, Motta finalmente conseguiu se sentar na cadeira da presidência. A chegada do deputado foi marcada por empurra-empurra e resistência simbólica de opositores que ocupavam a Mesa desde a noite de terça-feira (5), como forma de protesto contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial a determinação de prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O deputado Marcos Pollon (PL-MS), um dos protagonistas da ocupação, permaneceu na cadeira até os últimos instantes, sendo convencido a deixá-la após negociação com parlamentares do Centrão, que ajudaram a garantir o retorno de Motta ao comando dos trabalhos.

Logo após reassumir a função, Hugo Motta fez um breve discurso, criticando a postura dos parlamentares que promoveram a ocupação. “O que aconteceu aqui não foi bom para esta Casa”, afirmou. “É hora de pensarmos em pautas para o Brasil e não em agendas pessoais ou eleitoreiras.”

Ele também anunciou que uma nova sessão plenária será realizada nesta quinta-feira (7), a partir das 12h. A pauta ainda não havia sido divulgada até o fechamento deste texto, mas a expectativa é que a Secretaria-Geral da Mesa inclua proposições que estavam represadas, entre elas a Medida Provisória que cria um programa para reduzir a fila do INSS.

A confusão no plenário da Câmara ocorre em um momento delicado entre os Três Poderes. Na terça-feira, a oposição apresentou um conjunto de propostas apelidadas de “pacote da paz”, com o objetivo de “abrandar” os ânimos após a nova decisão judicial contra Bolsonaro.

Entre os pontos do pacote estão:

  • Uma anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023;
  • O impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes;
  • A proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim do foro privilegiado.

As propostas, no entanto, não encontram apoio majoritário na Casa neste momento. Parte expressiva dos parlamentares, incluindo membros do Centrão e da base governista, vê o pacote como uma estratégia de radicalização e tentativa de pressão política.

O retorno de Hugo Motta à presidência só foi possível graças ao apoio de líderes experientes como Dr. Luizinho (PP-RJ) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que abriram caminho no plenário superlotado. A movimentação para desfazer a ocupação bolsonarista exigiu articulação intensa entre lideranças partidárias, em especial do grupo que atualmente comanda os principais cargos da Mesa Diretora.

Durante a sessão de quarta-feira, o ambiente foi de muita tensão, com gritos, vaias e bate-boca entre parlamentares. Mesmo após a saída dos oposicionistas da Mesa, o clima entre os grupos ainda era de hostilidade.

Com a sessão desta quinta-feira marcada, a Câmara tenta voltar à normalidade. Porém, a disputa pelo espaço político dentro da Casa, somada à tensão institucional entre Legislativo e Judiciário, deve continuar alimentando episódios de instabilidade nos próximos dias.

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