
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), avaliou positivamente a possibilidade de um encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista nesta terça-feira (23), antes da reunião de líderes partidários, em Brasília, Motta disse que sempre defendeu o diálogo como caminho para superar o desgaste nas relações bilaterais.

O parlamentar citou o impasse causado pelas tarifas impostas por Trump a produtos brasileiros e pelas sanções a autoridades e familiares. “Defendo sempre que o governo brasileiro, em diálogo com o governo americano, possa dirimir as dúvidas, deixar para trás essa questão das tarifas, das sanções, para que a relação entre os dois países possa ser retomada”, afirmou.
Lula e Trump na ONU
A manifestação de Motta ocorreu após Trump anunciar, em discurso na Assembleia Geral da ONU, a intenção de conversar com Lula na próxima semana. O presidente dos EUA chamou o brasileiro de “homem muito agradável” e disse que ambos tiveram “uma química excelente” em encontro anterior.
Na abertura do evento, Lula criticou sanções unilaterais impostas por potências globais, em referência aos EUA, e defendeu que “a democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis”.
Segundo Motta, o esperado encontro pode abrir caminho para “resolver um impasse entre duas nações que têm relações históricas de centenas de anos”. Ele completou: “O Brasil tem instituições fortes, tem uma democracia forte e a nossa soberania não está em discussão. Confio que, através do diálogo e da diplomacia, essa situação possa ser resolvida”.
Anistia dos atos de 8 de janeiro
Motta também foi questionado sobre a tramitação do projeto de lei que trata da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O texto está sob relatoria do deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que ainda busca diálogo com líderes partidários para construir uma versão possível.
A proposta enfrenta resistência. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro defendem que a anistia o beneficie diretamente, mas Paulinho já declarou que uma anistia geral e irrestrita é inviável. Além disso, manifestações populares realizadas no último domingo (21), em todo o país, aumentaram a pressão contra a medida e contra a chamada PEC da Blindagem.
“Temos um relator nomeado que me parece que está procurando os líderes para conversar sobre um possível texto, e só após essas conversas é que vamos definir a pauta desse assunto”, disse Motta.
