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ANISTIA

Hugo Motta diz que Câmara não apoia anistia irrestrita para envolvidos em tentativa de golpe

Presidente da Casa vê resistência entre parlamentares à anistia para crimes graves, como planos de assassinato, mas admite debate sobre casos menos severos

8 agosto 2025 - 14h10Pepita Ortega
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados
Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados - (Foto: Kaio Magalhães/Agência Câmara)

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (8) que não há ambiente político na Casa para aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista à CNN Brasil, Motta destacou que a gravidade de algumas ações (como o planejamento de assassinatos de autoridades) impede que o tema avance sem cautela e sem distinção entre os diferentes níveis de participação.

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"Não vejo que os parlamentares têm interesse de anistiar essas pessoas que fizeram isso", disse. Segundo ele, o sentimento predominante na Câmara é de sensibilidade em relação aos indivíduos que participaram dos atos de forma passiva e não cometeram crimes violentos. “O sentimento da Casa é muito mais de sensibilidade às pessoas humildes, que participaram do movimento e não cometeram os delitos tão graves e pesados e receberam penas elevadas”, acrescentou.

Crimes graves afastam apoio político à anistia total

Motta foi enfático ao dizer que não acredita que os deputados estejam dispostos a conceder perdão a quem foi acusado de tramar ações como homicídios ou outros crimes de alta gravidade. “Crimes graves, como planejar morte, não acho que a Câmara tenha ambiente para anistiar isso”, afirmou.

Ao mesmo tempo, o presidente da Câmara evitou cravar que a anistia ampla esteja completamente fora do debate. Segundo ele, a discussão ainda está em construção e deve ser conduzida com responsabilidade. “Não estou dizendo que não há chance. O que estou fazendo é uma avaliação pessoal de que os crimes mais graves, não vejo os deputados concordando com isso”, pontuou.

Motta defendeu que, se houver qualquer alternativa legislativa que envolva perdão a alguns dos condenados, ela precisa ser construída com diálogo entre os partidos e debatida dentro do colégio de líderes antes de ir ao plenário.

“Se puder haver uma alternativa legislativa a isso, penso que uma alternativa talvez que atenda à maioria da Casa. Mas essa construção deve ser feita no colégio de líderes, para que seja levado ao plenário”, afirmou.

Unidade institucional e foco em outras pautas

O presidente da Câmara destacou que o Congresso deve buscar consenso em temas que ultrapassam a pauta da anistia. Para ele, há desafios maiores que exigem atenção imediata, como as questões econômicas, a defesa da soberania nacional e o cenário geopolítico, especialmente diante das recentes decisões do governo dos Estados Unidos envolvendo o Brasil.

“A anistia tira o foco de assuntos importantes que poderiam ser priorizados, como o desafio internacional, soberania e a economia”, afirmou Motta.

Além disso, ele defendeu que as decisões sobre o tema não sejam isoladas, mas sim integradas a um entendimento entre os três poderes. “Vejo com muita sensibilidade esses temas para que a Casa não possa ser complacente com o que aconteceu. O que aconteceu foi grave. Deve haver um sentimento de unidade entre a Câmara e o Senado sobre o que vai ser feito. E conversar com o Executivo, a base do governo e o Judiciário para que possamos retomar a paz institucional.”

Hugo Motta concluiu dizendo que sua fala representa uma posição pessoal, baseada na percepção do ambiente político atual. Para ele, é possível tratar com sensibilidade casos de menor gravidade, sem que isso represente impunidade para os crimes mais sérios.

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