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POLÍTICA

Hugo Motta barra homenagem a Bolsonaro em comissões da Câmara durante recesso

Presidente da Casa proibiu sessões marcadas por aliados do ex-presidente e pediu que o cancelamento fosse feito pelos próprios líderes das comissões

22 julho 2025 - 10h05Redação
Hugo Motta ligou para presidentes de comissões na manhã desta terça-feira, 22
Hugo Motta ligou para presidentes de comissões na manhã desta terça-feira, 22 - (Foto: Kaio Magalhães/Agência Câmara)
Terça da Carne

Durante o chamado “recesso branco” do Congresso Nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), vetou a realização de sessões das comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores que haviam sido organizadas para homenagear o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As reuniões estavam previstas para ocorrer nesta terça-feira, 22, e contavam com a presença confirmada de Bolsonaro até a véspera do evento.

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A decisão de Motta foi formalizada por meio de um ato que proíbe qualquer atividade de comissões entre os dias 22 de julho e 1º de agosto. Antes da oficialização do veto, o presidente da Câmara conversou com os deputados Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Filipe Barros (PL-PR), que presidem, respectivamente, as comissões de Segurança Pública e Defesa Nacional, solicitando que fossem eles os responsáveis por cancelar as sessões. A intenção, segundo interlocutores, era evitar desgastes políticos diretos para Motta.

A negociação foi intermediada pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), mas, sem acordo, a decisão final coube ao próprio presidente da Casa. Apesar da tentativa de delegar a responsabilidade, a iniciativa de cancelar oficialmente os eventos partiu de Motta.

Sessões estavam articuladas desde a semana passada - Deputados da oposição alegam que a articulação para a homenagem já havia sido feita na sexta-feira, 18, e que Hugo Motta estava ciente da agenda. Segundo o líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS), houve conversas com o presidente da Câmara sobre o assunto, o que teria alimentado expectativas de que as sessões aconteceriam normalmente.

“Estamos querendo exercer nosso papel parlamentar”, afirmou Zucco, ao comentar a frustração do grupo bolsonarista com o cancelamento de última hora.

Placa com nome de Bolsonaro gerou alerta dentro da Câmara - Em ato simbólico, parlamentares bolsonaristas chegaram a posicionar uma placa com o nome de Jair Bolsonaro na mesa do plenário onde a homenagem ocorreria. A atitude provocou reações internas. O deputado General Pazuello (PL-RJ) chegou a advertir o colega Zucco sobre possíveis problemas decorrentes da exibição do item dentro da Casa.

Deputados colocaram placa com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro na mesa do plenário onde ocorreria a sessão Foto: Wilton Junior/EstadãoDeputados colocaram placa com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro na mesa do plenário onde ocorreria a sessão Foto: Wilton Junior/Estadão

Apesar da Câmara não estar oficialmente em recesso — o que só ocorreria com a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) —, na prática, o Congresso adota o chamado “recesso branco”. Nesse período, que tradicionalmente dura duas semanas, a agenda legislativa é esvaziada, ainda que não haja paralisação formal das atividades.

Nesse contexto, as comissões poderiam funcionar normalmente, uma vez que não há impedimento regimental para suas atividades durante o recesso branco. Ainda assim, a decisão de Motta impediu a realização das sessões com base em um ato administrativo que suspende as reuniões entre 22 de julho e 1º de agosto.

Bolsonaristas buscam reação política a medidas do STF - Mesmo em meio ao recesso parlamentar, aliados de Jair Bolsonaro se deslocaram a Brasília para discutir uma reação política às decisões recentes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou medidas restritivas ao ex-presidente.

A estratégia inicial previa pressionar pela retomada das atividades do Congresso ainda durante o recesso. No entanto, a proposta perdeu força após os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), decidirem manter o cronograma original de duas semanas de recesso.

Com o insucesso da mobilização, a alternativa foi convocar sessões emergenciais nas comissões de Segurança Pública e Defesa Nacional, além de criar grupos para discutir estratégias de comunicação e organização de manifestações.

Planos após o recesso: impeachment e PECs - As articulações dos parlamentares bolsonaristas devem se intensificar com o retorno oficial das atividades legislativas. No Senado, o plano é apresentar um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Já na Câmara, os esforços se concentram na tramitação de duas propostas: uma PEC que acaba com o foro privilegiado e outra que concede anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

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