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22 de novembro de 2025 - 14h12
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REAÇÃO POLÍTICA

Governo adota cautela e terceiriza reação à prisão de Bolsonaro ao PT e aliados

Ministros evitam comemoração pública e reforçam apoio a Alexandre de Moraes; petistas e oposição intensificam polarização

22 novembro 2025 - 12h55Vera Rosa
Ministros adotam cautela e evitam declarações que soem como comemoração da prisão de Bolsonaro
Ministros adotam cautela e evitam declarações que soem como comemoração da prisão de Bolsonaro - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou uma onda de reações políticas, mas o governo Lula adotou uma estratégia cautelosa. Ministros receberam orientação para evitar manifestações que soem como comemoração, especialmente nas redes sociais. A linha adotada privilegia declarações de apoio institucional ao Judiciário, em especial ao ministro Moraes, que tem sido alvo de ataques de apoiadores do ex-presidente.

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A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, destacou a legalidade da medida judicial e ressaltou os fundamentos apresentados na decisão: “A decisão do ministro Alexandre de Moraes está fundamentada nos riscos reais de fuga do chefe da organização golpista, na iminência do trânsito em julgado de sua condenação para cumprimento de pena”, afirmou Gleisi. “Na democracia, a Justiça se cumpre.”

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), também se manifestou, mas adotou tom comedido: “Ninguém está acima da democracia. Ninguém pode trair a pátria impunemente. Que a prisão de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado represente um grande marco para nossa história: Ditadura nunca mais.”

Reações no PT e entre opositores - A tarefa de vocalizar a resposta política mais contundente foi repassada a parlamentares e dirigentes do Partido dos Trabalhadores. O ex-ministro José Dirceu, por exemplo, classificou a prisão como “um recomeço para o Brasil”. Dirceu, que teve condenações anuladas após os escândalos do mensalão e do petrolão, ironizou: “O chefe da tentativa do golpe está preso.”

Na Câmara dos Deputados, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), avaliou que a prisão se justifica para preservar a ordem pública. “Mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro seguia atuando politicamente para tensionar o ambiente e pressionar instituições”, afirmou.

Em contrapartida, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro criticaram duramente a decisão do STF. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou: “Alexandre de Moraes, hoje, mostra sua psicopatia em alto grau”, lembrando que a prisão ocorreu no dia 22, número do partido. Parlamentares da oposição acreditam que o episódio pode reacender o debate sobre o projeto de anistia para investigados por atos antidemocráticos.

Anistia volta ao debate - A proposta de anistia, travada no Congresso por divergências políticas, ganhou novo fôlego com a prisão. O relator do texto, deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), o Paulinho da Força, prevê redução das penas, mas não anistia ampla. Caso o projeto avance, a pena de Bolsonaro — de 27 anos e três meses em regime fechado, segundo estimativa — poderia ser reduzida. O texto do relator propõe a fusão dos crimes de tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito.

Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, ligado a advogados alinhados ao PT, foi enfático ao defender o respeito ao devido processo legal: “Continuamos defendendo que a sentença penal seja cumprida somente após o trânsito em julgado. No caso do ex-presidente, ao que parece, havia uma tentativa de fuga detectada por causa da violação da tornozeleira eletrônica. Mas não podemos ser incoerentes: pau que bate em Chico, bate em Francisco.”

A contenção de manifestações públicas por parte dos ministros tem como objetivo principal evitar que a prisão de Bolsonaro seja transformada em palanque político. A orientação do Planalto é reforçar a institucionalidade da decisão judicial e deixar que lideranças partidárias conduzam a resposta mais politizada. Ao mesmo tempo, evita-se dar combustível a narrativas de perseguição política, comuns entre os aliados do ex-presidente.

A estratégia revela o cuidado do governo em manter o foco na estabilidade institucional e nas reformas em andamento, ao mesmo tempo em que observa de perto a movimentação do Congresso em torno do projeto de anistia.

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