
Saiba Mais
- MUNDO
Lula e Noboa defendem cooperação contra crime organizado e ampliam laços comerciais e de segurança
- INTERNACIONAL
Lula defende ampliação do comércio com o Equador e reforça cooperação regional
- POLÍTICA EXTERNA
Haddad defende postura de Lula sobre os Brics e União Europeia: 'Não há seletividade'
- POLÍTICA
Lula defende regulamentação das redes sociais como desafio contemporâneo
Em resposta à crescente pressão do governo de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está intensificando a busca por aproximação com lideranças políticas de direita na América do Sul. Integrantes do governo brasileiro acreditam que a gestão Trump tenta interferir diretamente na política interna do Brasil e que o país precisa se proteger de possíveis ações para isolar a esquerda latino-americana, como foi o caso com o "Grupo de Lima", uma aliança de países de direita que contestava o regime da Venezuela.

O governo Lula vê nas recentes ações de Trump uma tentativa de promover uma mudança de regime no Brasil, especialmente após críticas feitas pelo ex-presidente dos EUA sobre os direitos humanos no Brasil e sobre o programa Mais Médicos. Para o Palácio do Planalto, o comportamento do governo Trump reflete uma postura hostil que não se limita a questões econômicas, mas se estende ao campo político, o que reforça a necessidade de estreitar laços com países da região, independentemente de sua orientação ideológica.
A aproximação de Lula com governos de direita, como o Equador e o Panamá, busca uma diversificação das parcerias econômicas e políticas do Brasil. O presidente do Equador, Daniel Noboa, foi recebido recentemente por Lula, com foco em fortalecer a cooperação bilateral, especialmente nas áreas de segurança e comércio. Noboa expressou o desejo de aprimorar relações com o Brasil, destacando que as discussões ideológicas não devem ser um obstáculo para a construção de uma região mais forte e próspera.
Além disso, o governo brasileiro está atento às eleições na Bolívia, onde dois candidatos de direita disputarão o segundo turno, e aos pleitos no Chile, que podem resultar na vitória de José Antonio Kast, um líder da extrema direita. O objetivo do governo Lula é evitar instabilidade nas fronteiras brasileiras e manter um alinhamento diplomático estratégico com governos vizinhos.
Um dos principais projetos do governo Lula para a América do Sul é a integração regional, com ênfase em obras de infraestrutura como rodovias e hidrovias, que podem abrir novas oportunidades comerciais para o Brasil. No entanto, tais projetos dependem de investimentos privados e parcerias internacionais, e sua execução está prevista para o longo prazo.
A visita de José Raúl Mulino, do Panamá, programada para o final de agosto, também faz parte dessa estratégia de aproximação. O Panamá busca estreitar laços comerciais com o Brasil, especialmente na área de aeronaves, e está interessado em um acordo de livre comércio com o Mercosul.
Apesar de tensões com governos como o da Venezuela e a postura mais assertiva de Jair Bolsonaro nos EUA, o governo de Lula também está investindo em melhorar as relações econômicas com países como a Argentina e o Paraguai, além de focar em questões de segurança e imigração com o Panamá.
O governo Lula também está atento à situação da Venezuela, evitando apoiar manifestações que envolvem violência ou que questionem os resultados eleitorais, especialmente após a crise migratória que afeta a região.
Com uma agenda externa cada vez mais focada na diversificação de alianças e no fortalecimento da soberania nacional, Lula adota uma postura de resistência política a pressões externas, principalmente dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que busca novas oportunidades econômicas para o Brasil. A estratégia é de longo prazo, envolvendo negociações bilaterais com países da América do Sul, além de um olhar atento às mudanças políticas que podem afetar a região.
