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Governo Lula inclui MST em desfile de 7 de setembro e depois desiste da ideia

O recuo de Lula na inclusão do MST no desfile de 7 de setembro após críticas levanta questões sobre sua liderança e a capacidade de sustentar suas decisões.

3 setembro 2024 - 19h09
Lula discursa durante evento do MST, destacando a aliança histórica com o movimento, que continua a desempenhar um papel significativo no cenário político brasileiro.
Lula discursa durante evento do MST, destacando a aliança histórica com o movimento, que continua a desempenhar um papel significativo no cenário político brasileiro. - (Foto: Divulgação)

Era para ser um gesto simbólico, uma dessas aparições rápidas que, em outros tempos, talvez passassem despercebidas. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) seria incluído no desfile de 7 de setembro em Brasília, uma homenagem àqueles que ajudaram na reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes que devastaram o estado. O convite, feito pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, parecia seguir a lógica de um presidente que, em seus discursos, sempre exaltou os movimentos sociais como pilares da democracia. Mas a coisa desandou.

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Quando a notícia vazou, as reações vieram como uma tempestade de verão. Em um Brasil que ainda não superou as feridas abertas da polarização política, a presença do MST em um evento militar foi como jogar lenha na fogueira. O senador Márcio Bittar, um dos bastiões da oposição bolsonarista, foi rápido em transformar o convite em polêmica. "Tudo indica que, pela primeira vez, o Exército Brasileiro talvez tenha que bater continência para bandidos do MST", declarou Bittar, inflamando as redes sociais e pautando o noticiário com uma narrativa que misturava indignação e ironia.

Diante da gritaria, o governo Lula recuou. A justificativa oficial, como tantas outras vezes, foi a de que a decisão foi alterada por "dificuldades logísticas". A explicação, no entanto, é pouco convincente, especialmente em um governo que deveria, supostamente, estar preparado para lidar com imprevistos. O que se viu, na verdade, foi um presidente que, em vez de sustentar suas escolhas, preferiu ceder ao primeiro sinal de resistência.

Esse episódio, que em outros tempos poderia ter sido rapidamente esquecido, levanta questões incômodas sobre a liderança de Lula. O presidente, que já enfrentou e superou crises muito mais graves, agora parece hesitar diante de um confronto menor. Ao recuar na inclusão do MST, Lula não só enfraqueceu sua própria base de apoio, como também deu à oposição uma vitória fácil, que será explorada à exaustão.

A decisão de excluir o MST do desfile, por mais que possa ser justificada em termos técnicos, simboliza algo maior: um governo que, em seu terceiro mandato, parece menos disposto a encarar as críticas de frente. Em vez de reafirmar suas convicções e mostrar que o Brasil é um país plural, onde diferentes vozes têm espaço, o recuo soa como uma capitulação. E, em tempos de crise política permanente, essa postura não apenas desorienta os aliados, mas também dá fôlego aos adversários.

No final das contas, o 7 de setembro de 2024 ficará marcado não pela homenagem aos heróis da reconstrução do Rio Grande do Sul, mas pelo passo atrás de um governo que, ao que parece, ainda não encontrou seu ritmo neste novo ciclo. E, para um presidente que sempre fez questão de se apresentar como um líder forte e resoluto, isso é um sinal preocupante.

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