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POLÍTICA

Base do governo abandona CPMI do INSS após derrota para oposição

Senadores governistas reagem à perda de controle do colegiado e veem risco com quebras de sigilo fora do escopo da comissão

26 agosto 2025 - 16h10Brasília
Reunião da CPMI do INSS no Congresso Nacional, onde oposição conquistou presidência e relatoria, gerando reações na base governista.
Reunião da CPMI do INSS no Congresso Nacional, onde oposição conquistou presidência e relatoria, gerando reações na base governista. - Saulo Cruz/Agência Senado
Terça da Carne

A base do governo no Senado começou a esvaziar sua participação na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), após sofrer uma derrota política que colocou a oposição no comando da comissão. A decisão de deixar o colegiado foi tomada por ao menos três senadores aliados ao Palácio do Planalto, em resposta à perda da presidência e da relatoria da CPMI.

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O movimento de saída inclui nomes de peso como Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM), que ainda devem oficializar suas desistências. Já o senador Otto Alencar (PSD-BA) teve sua saída confirmada na tarde desta terça-feira (26). Em contrapartida, a senadora Augusta Brito (PT-CE) já foi anunciada como uma das substitutas indicadas pela base.

A debandada dos senadores foi antecipada pela Coluna do Estadão e se confirma após uma votação apertada que escancarou falhas na articulação política do governo. Por 17 votos a 14, a oposição garantiu o controle da CPMI: o senador Carlos Viana (Podemos-MG) assumiu a presidência, e a relatoria ficou com o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), ambos críticos da atual gestão federal.

Críticas internas e falhas de articulação

O clima entre os aliados do governo é de frustração e cobrança. Um dos principais nomes cotados para presidir a CPMI, o senador Omar Aziz, expressou publicamente sua irritação com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP). Segundo relatos, Randolfe chegou atrasado à reunião de instalação e sequer havia realizado contagem prévia de votos para garantir o controle do colegiado.

Durante a reunião, Aziz teria apontado o dedo em riste para Randolfe, responsabilizando-o diretamente pelo resultado desfavorável. Nos bastidores, a leitura é de que a base foi surpreendida e mal preparada, o que resultou na perda do protagonismo dentro da comissão.

Preocupação com quebra de sigilo e danos colaterais

A saída dos senadores governistas da CPMI também é motivada por preocupações com os rumos que as investigações podem tomar. Apesar de o escopo oficial da comissão ser limitado à apuração de descontos fraudulentos nos benefícios do INSS, há receio de que quebras de sigilo bancário e fiscal ultrapassem os limites do tema e acabem expondo dados sensíveis de figuras ligadas ao governo.

"Independentemente de a informação poder ser usada ou não pela comissão, o vazamento sempre acaba acontecendo", observou um parlamentar que preferiu não se identificar. Entre os aliados do Planalto, a avaliação é de que o ambiente no colegiado tornou-se "totalmente imprevisível", o que justificaria o afastamento da base.

Governo tenta reaglutinar aliados

Em resposta à crise de articulação, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, foi escalado para coordenar a atuação conjunta entre os parlamentares governistas, tanto na Câmara quanto no Senado. A missão de Pimenta é tentar conter novos prejuízos políticos e garantir algum controle de danos diante do avanço da oposição dentro da CPMI.

Mesmo com o recuo de nomes experientes, o governo tenta manter presença no colegiado para evitar que a comissão se torne palco exclusivo de embates contrários à atual gestão. A substituição por nomes mais alinhados ao Planalto já está em curso, mas ainda é incerta a efetividade dessa nova composição frente ao domínio oposicionista nas principais funções da comissão.

CPMI pode impactar ambiente político em Brasília

A instalação da CPMI do INSS ocorre em um momento delicado para o governo federal, que já enfrenta desgaste com o avanço de investigações sobre fraudes em benefícios previdenciários. O controle da comissão pela oposição amplia a visibilidade do tema e pode provocar novos desdobramentos políticos e jurídicos.

Com a possibilidade de quebras de sigilo e convocações de autoridades, a CPMI tem potencial para desgastar ainda mais a imagem do governo, mesmo que os casos apurados não envolvam diretamente membros da gestão atual. A simples exposição de dados sensíveis pode ser usada politicamente, ampliando o alcance das críticas e dificultando a defesa institucional.

O clima, até agora, é de tensão crescente, e a expectativa é de que os próximos encontros da comissão sejam marcados por disputas acaloradas entre oposição e governo. A saída de senadores experientes da base indica que a administração federal terá dificuldades para conter o avanço dos oposicionistas e minimizar os danos políticos da CPMI.

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